E isso nos remete ao que seja, realmente, uma notícia ruim. Quantas coisas boas existem em sua vida, hoje, que você achou que eram notícias ruins, quando soube delas na primeira vez?
Há alguns anos, um associado contou a história sobre uma viagem de carro na qual, estranhamente, ele pareceu perder o controle do veículo por alguns segundos, reduzindo drasticamente a velocidade em um local no qual a velocidade média deveria ser bem maior. Naquele momento, ele ficou perplexo com a aparente “incompetência” e o fato de ter quase causado um acidente, com os veículos que vinham depois, que foram forçados a reduzir drasticamente suas velocidades também.
A notícia ruim era o fato de ele ter feito uma barbeiragem enorme.
Poucos segundos, depois disso, surgiu um problema real na pista e, se ele estivesse dirigindo na velocidade “correta”, teria causado um acidente de proporções enormes, para ele e para os veículos que o seguiam.
A notícia boa é de que ele está vivo, assim como os outros motoristas.
De alguma forma, sua mente detectou que havia um problema na pista, talvez por meio de movimentos estranhos vindos dos outros veículos e pessoas, provavelmente, e seu corpo reagiu enquanto ainda era tempo, mesmo antes de sua detecção consciente do perigo que estava se aproximando, salvando sua vida e dos outros.
Não foi barbeiragem. Foi extrema habilidade.
A notícia ruim era, de fato, a notícia boa, fantasiada. Mas a primeira interpretação dela estava incorreta. Muitas vezes, boas notícias chegam fantasiadas de notícias ruins. Então, aqui temos um paradigma. Como saber se uma notícia é realmente ruim ou boa? Não podemos. Qualquer tentativa de descobrir se uma notícia é ruim ou boa esbarra em uma limitação analítica, já que tudo na vida é ligado a tudo, tornando nula qualquer tentativa de “adivinhar” o futuro. Em física, conhecemos isso "teoria do caos", e pelo nome de Efeito Borboleta (por causa da frase “o bater de asas de uma borboleta, no Brasil, pode provocar uma tempestade nos Estados Unidos”); Em nossa vida, passamos por isso todo o tempo. Perdeu o emprego? Talvez seja exatamente isso que permitirá a você começar a trabalhar em seus sonhos, a partir de agora. O carro quebrou? Talvez seja isso que salvará você de um acidente, nesta viagem. Foi assaltado? Talvez isso o torne mais cuidadoso, ou faça você mudar de região, evitando algo muito pior, no futuro. Seja o que for que aconteça com você, por pior que seja no momento em que acontece, será um componente essencial no quebra-cabeça de seu futuro. Isso não significa que você deva se alegrar com as notícias ruins. Há o momento de entristecer-ser, de chorar e de aprender. Há o momento de ficar em seu casulo e sentir aquilo que você precisa sentir. Mas cuidado. Há pessoas que passam o dia reclamando, como se houvesse somente notícias ruins em seus dias; um carro um pouco mais lento, bloqueando o caminho, parece ter a mesma importância de uma guerra mundial; um cliente irado parece equivalente a um falecimento; uma resposta torta, de um familiar, parece o mesmo que ser mandado para a cadeira elétrica. Sabe aquela pessoa que ganha na loteria, mas o dia dela é destruído porque vai ter que pagar mais imposto? Pois é, há muita gente assim. Pare com isso. Não é fisicamente possível saber quando uma notícia é boa ou ruim, por pior que ela pareça. E, no fundo, todas as notícias têm um pouco das duas coisas. Por isso, a melhor estratégia é supor, e assumir conscientemente, que qualquer notícia seja uma boa notícia, mesmo que venha fantasiada de notícia ruim. Não importa se é uma suposição real ou não, porque como ela não pode ser confirmada, assumir que seja uma notícia ruim vai enfraquecer você, suas decisões, suas percepções e sua vida. Assumir que é uma notícia boa vai fortalecer você, ajuda-lo a tomar decisões melhores e permitir que você tenha sua percepção e atenção mais amplas voltadas para resultados positivos. Passo várias horas em aeroportos, aguardando meus vôos. Por isso, sempre que sou informado de que o vôo vai atrasar, e praticamente todos os vôos atrasam, atualmente, já assumo que isso é uma ótima notícia. Minha função, neste caso, é descobrir como aproveitar o tempo livre que ganhei, mesmo que seja para ficar no aeroporto sem fazer nada. E, quando não descubro o lado bom da notícia fantasiada de ruim, ainda posso pensar que a notícia é boa, mesmo que eu não tenha entendido, ainda, de que forma. Algumas pessoas acham que esta não é uma forma lógica de pensar. Então eu pergunto: qual a forma lógica? Aquela que tornará você mais fraco, infeliz, derrotista, insuportável? Que lógica existe, do ponto de vista biológico, em tornar-se menos apto no universo? Darwin já avisou o que acontece com quem não se adapta... Aceitar uma notícia não é gostar de suas conseqüências. É procurar novos meios de seguir em frente, mais preparado e com ainda mais vontade, de uma forma muito mais calma, desestressante e inteligente de viver. Esta estratégia me deixa em um estado de equilíbrio interno, absolutamente necessário para que eu encontre oportunidades, tenha boas idéias, escreva melhor e tire o máximo proveito da vida. Quando você sentir vontade de explodir, comum quando recebe uma notícia que parece ruim, lembre-se de que muitas vezes boas notícias chegam fantasiadas de notícias ruins. E assuma que esta é uma notícia boa, mesmo que você ainda não saiba como. Procure as razões boas para ela, e você pode muito bem encontrar o que ninguém mais encontra. Depois de algum tempo, me conte o que aconteceu. |
Aldo Novakhttp://www.aldonovak.com.br |