Obama: apesar dos esforços da mídia amiga, a dura realidade está superando a fantasia
Para aqueles que se fartaram de rir dos tropeços de Gerald Ford, dos lapsos verbais de Ronald Reagan e principalmente dos erros (reais ou imaginários) de George W. Bush, está na hora de exercitar o humor em outro alvo: o queridinho da grande mídia brasileira, o bem falante e “histórico” Barack Hussein Obama,
admirado até quando mata mosca. E quando ele come mosca e tropeça em toda a cena mundial? O quê? Não podemos rir de Obama? YES, WE CAN!
Na verdade, valem as risadas, mas o assunto é muito sério. Vamos primeiro a alguns exemplos de momentos embaraçosos nesses poucos meses de Obamamania:
• Obama presenteou a Rainha Elizabeth II com um iPod contendo os seus discursos (para quem devolveu o busto de Winston Churchill, um dos maiores oradores ingleses, de volta à embaixada britânica, é muita pretensão; e pensar que a mãe dele também nasceu analfabeta...).
• Presenteou o Primeiro-Ministro Gordon Brown com uma coleção de DVDs não formatados para a reprodução em aparelhos europeus. Em contraste, Gordon Brown presenteou Obama com um porta-caneta de mesa, feito de madeira de carvalho retirada de um pedaço do navio britânico de combate ao tráfico de escravos no século XIX, o HMS Gannet. Para alguém cuja meteórica trajetória é a todo instante rotulada de “histórica”, um tapa de luvas recheado de história veio bem a calhar.
• Em discurso, mencionou a “língua austríaca”, quando até um certo cabo austríaco sabia que falava alemão.
• Curvou-se diante do rei da Arábia Saudita. Chefes de Estado, no exercício do cargo, nunca se curvam, diante de ninguém. Ato falho.
• Uma pérola da retórica obâmica: “Permitam-me ser perfeitamente claro: Israel é um grande amigo de...Israel”.
• Disse que: “Os Estados Unidos são uma das maiores nações islâmicas do mundo”.
• Sugeriu que tradutores da língua árabe fossem transferidos do Iraque para o Afeganistão, onde as línguas nativas, dari (persa) e pashtu, não são exatamente o árabe.
• Mandou uma carta ao presidente Jacques Chirac quando o presidente francês já era Nicolas Sarkozy.
• Referiu-se a “Cinco de Cuatro” diante do embaixador mexicano, quando pretendia dizer “Cinco de Mayo”.
• Por tabela, a Secretária de Estado Hillary Clinton (a “experiente” chefe da diplomacia americana), ao trocar a expressão “reset button”, no contexto da retomada das negociações de desarmamento nuclear, pela palavra russa equivalente aturbinar, deve ter deixado seu colega russo, Sergei Lavrov, em dúvida: sinal verde para as pretensões russas ou aquilo que Obama diz são palavras, nada mais que palavras?
Agora o caldo engrossa e a galhofa não cabe:
• No Oriente Médio, a obsequiosidade sem precedentes de Obama no trato com o mundo muçulmano não gerou nenhum retorno tangível. Os principais estados árabes recusam-se a se mover, por pouco que seja, na direção de um compromisso para levar adiante o processo de paz na região e tampouco mostram qualquer sinal de normalização das relações com Israel. Os palestinos se recusam a conversar com os israelenses até que estes concordem com uma interrupção nos assentamentos na Margem Ocidental, enquanto Israel reagiu ao “apelo” (i.e., a ordem) de Obama para um congelamento nos assentamentos construindo mais 2.500 unidades habitacionais, tal como previsto por Daniel Pipes em artigos publicados aqui no Mídia@Mais. Leia mais sobre este tópico aqui e aqui.
• Apesar da referida obsequiosidade de Obama, a visão que o mundo árabe tem dos Estados Unidos praticamente não mudou, pois estudos revelam que de 2008 a 2009, houve um acréscimo de meros 3% na simpatia pelos EUA, de raquíticos 15% para anêmicos 18%.
• Na questão do Afeganistão, Obama enfrenta turbulências dentro de seu próprio partido, e na medida em que a situação fica mais dura, parece pronto a repudiar a sua estratégia “mais forte e mais inteligente” depois de apenas seis meses. Obama hesita em atender aos pedidos de mais tropas de seus comandantes militares no Afeganistão, julgadas necessárias para evitar um desastre militar. Em Washington, todavia, a discussão gira em torno de como o Governo Obama pode minimizar o dano político de uma derrota no Afeganistão. O leitor deve lembrar que durante toda a campanha presidencial de 2008, Barack Obama, Hillary Clinton e praticamente todo o Partido Democrata gritavam que o Afeganistão era a prioridade da guerra contra terror, que o Iraque foi um erro de Bush, etc., etc. Change? Yes, we can, ladies and gentlemen, mas só quando nos convêm.
• A Coréia do Norte continuou abertamente beligerante, testando um artefato nuclear e um míssil de longo alcance, além de repudiar o acordo de armistício com a Coréia do Sul, assinado em 1953. Em resposta, os Estados Unidos aquiesceram às antigas exigências norte-coreanas de conversões bilaterais.
• O sucesso norte-coreano encorajou o Irã a prosseguir com seu próprio programa nuclear. O regime islâmico concordou em conversar com Obama, desde que a questão nuclear fique fora da pauta. Neste assunto, os EUA de Obama se posicionam à esquerda da ONU e da França, pois agora nem sequer reconhecem que o Irã tem um programa de armas nucleares. Convenhamos, é um feito e tanto.
• Com medo do Irã, outros países do Oriente Médio buscam conseguir suas próprias armas nucleares, pouco confiando no guarda-chuva defensivo americano.
• No leste europeu, esse guarda-chuva se fechou abruptamente quando, na semana passada, o Governo Obama abandonou a instalação do sistema de escudos antimísseis na Polônia e na República Tcheca. Entre os poloneses e tchecos, dizer que paira a sensação de que foram traídos por Obama é quase um eufemismo politicamente correto. De fato, a sensação se aproxima daquela sentida pelo peru de Natal, avisado na antevéspera de que foi bem alimentado para outros fins.
• E finalmente, temos o único caso em que a equipe de Obama mostrou mão forte: contra o governo constitucional da pequena e velha aliada Honduras. O Departamento de Estado concluiu que um autocrata antiamericano, deposto legalmente pela Suprema Corte hondurenha, merece o apoio dos Estados Unidos. Aqui, quem está rindo são nuestros hermanos bolivarianos: Huguito, Manuelito y Luizito.
Nota: Texto adaptado, com acréscimo de referências e comentários, a partir de editorial do Washington Times, de 23/09/2009