O acontecimento ganha os típicos ares de irrelevância que predominam em 99% das movimentações político-partidárias no país: aparentemente, o homem será candidato (virtualmente derrotado) ao Governo de SP no ano que vem.
Ocorre que provavelmente existe uma incômoda incompatibilidade entre o programa do PSB, ao qual o novo filiado deveria prestar certa fidelidade, e as obrigações de um dirigente de entidade como a FIESP.
Vejamos o que diz o site da FIESP a respeito de si mesma:
Caixa de ressonância dos grandes acontecimentos do País e principal interlocutora do setor produtivo, a Fiesp defende a iniciativa privada e a economia de mercado. (http://www.fiesp.com.br/fiesp/default.aspx)
Sim, é apenas um lugar-comum. Assim como é um conhecido lugar-comum o que o site do PSB proclama como “manifesto partidário”:
VII – O objetivo do Partido, no terreno econômico e a transformação da estrutura da sociedade, incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do País a exigirem.
(...)
Socialização – O Partido não considera socialização dos meio de produção e distribuição a simples intervenção de Estado na economia e entende que aquela só deverá ser decretada pelo voto do parlamento democraticamente constituído e executada pelos órgãos administrativos eleitos em cada empresa.
Da Propriedade em Geral – A socialização realizar-se-á gradativamente, até a transferência, ao domínio social, de todos os bens passíveis de criar riquezas, mantida a propriedade privada nos limites da possibilidade de sua utilização pessoal, sem prejuízo do interesse coletivo.1(http://www.psbnacional.org.br/index.php/content/view/99.html)
Skaf deveria vir a público e dizer, com todas as letras, o que qualquer pessoa minimamente informada já sabe: que toda e qualquer movimentação partidária, no Brasil, nada tem de “partidária” genuinamente – é uma dança das cadeiras vazia, sem sentido, amoral, cuja existência justifica-se somente pelo pacto de perpetuação no poder da mesma elite conspiradora, subserviente e dependente do Estado, irremediavelmente comprometida com a agenda esquerdista e internacionalista que é inimiga número 1 da liberdade e do liberalismo econômico.
Mas ele não fará isso. É mais provável que, de fato, admita trabalhar para a “progressiva socialização dos meios de produção” dos colegas industriais que o elegeram na FIESP.
E se todos os outros candidatos ao Governo de SP desaparecessem, e Skaf, que naturalmente seria um dos últimos colocados na disputa, magicamente se transformasse no governador paulista? Seguiria ele a doutrina da FIESP, ou os mandamentos do partido? Por onde começaria a socialização estadual? Pelos colegas da FIESP ou pelos coitadinhos, pagadores de impostos da classe média?
Com a palavra, Skaf, a FIESP, os bravos industriais paulistas, o PSB, a militância socialista, etc
1 A transcrição manteve os erros de português do texto original do site do PSB: socialismo é, acima de tudo, cultura.
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