Quando começou a história de #dilmentira, parecia provocação típica de campanha, mas realmente trata-se de um método da candidata petista. Há todo tipo de lorota, inverdade, cascata, fato desvirtuado etc. Alguns casos são meramente patéticos, como as montagens grosseiras de seu blog, no qual uma mesma foto pode ser espelhada e não-espelhada, com cartazes escritos de forma correta e invertida MA MESMA IMAGEM.
Em Minas Gerais, visitando São João Del Rey, Dilma protagonizou a cena abaixo:
Além da risada incabível para uma fotografia tirada num túmulo, foi um desrespeito à memória do político ali sepultado, pois o PT PROIBIU SEUS DEPUTADOS DE VOTAR EM TANCREDO NEVES E EXPULSOU OS TRÊS QUE DESOBEDECERAM. Notem a ironia: o candidato da Ditadura, no Colégio Eleitoral, era Paulo Maluf, hoje aliado de Dilma Rousseff.
O episódio poderia ter passado, mas prossegue. Hoje, a candidata comete o seguinte artigo, cujos trechos vão abaixo (todos comentados, com grifos meus):
“TANCREDO FOI UM GRANDE BRASILEIRO, QUE CONDUZIU O PAÍS DE VOLTA À DEMOCRACIA – Hoje se completam 25 anos da morte do presidente Tancredo Neves. Foi um grande brasileiro, que conduziu o país de volta à Democracia e ao Estado de Direito, com o sacrifício da própria vida. Nós, mineiros, sempre nos lembraremos dele pelo que disse no discurso de posse como governador de Minas Gerais, em 1983: – O primeiro compromisso de Minas é com a Liberdade! Foram palavras corajosas, num momento em que a sociedade brasileira se mobilizava para os confrontos decisivos com as forças do arbítrio. Tancredo é associado à sua capacidade de conciliação, mas também demonstrou sua coragem. Instaurada a ditadura, em 1964, não deu seu voto ao candidato do regime militar na eleição indireta.”
Às vezes é gaúcha, às vezes é cidadã de Fortaleza, às vezes “tem a cara de São Paulo”, mas neste texto Dilma é mineira, embora use a certidão de nascimento para fazer troça dos eventuais e convenientes conterrâneos. Afinal, está zombando de um herói local, de um mártir da democracia. E isso é, sim, zombaria.
Porque, no artigo, aponta como virtude de Tancredo – e de fato é inquestionável – sua “capacidade de conciliação”. E o que exatamente aconteceu na época? O MDB, por meio de Tancredo, entre outros grandes líderes, realizou um extraordinário processo de conciliação para vencer o PDS
O trecho “não deu seu voto ao candidato do regime militar na eleição indireta” é uma piada de mau gosto, um verdadeiro escárnio vindo de quem vem. E o PT, o que fez em 1985, quando finalmente o Brasil conseguia se ver livre da Ditadura? EXPULSOU quem votou em Tancredo! Agora, Dilma diz isso. E tem mais. Muito mais.
“Tancredo Neves foi um daqueles raros líderes que tinham preocupação sincera com a questão social no país – defendia o progresso para reduzir a desigualdade (…) Em minha primeira viagem desde que deixei o honroso cargo de ministra do presidente Lula, para assumir um novo desafio, estive em São João del-Rei, onde Tancredo nasceu e está sepultado (…) Pelo que fizemos no governo do presidente Lula, e pelo que ainda faremos juntos, podemos afirmar que começamos a realizar o sonho de Tancredo Neves…”
É demais. A viagem para São João Del Rey foi politicagem barata, quase tão risível quanto esse artigo, com direito à candidata posando para fotos DANDO RISADA num túmulo.
Mas vamos lembrar o que o PT achava do “raro líder que tinha preocupação sincera com a questão social no país”? Taí a capa (PDF) do Jornal da Tarde do dia 11/02/1985
Eis a verdade. Agora, Dilma tenta reescrever a história de acordo com a conveniência eleitoral. Seus heróis são outros, Dilma. Quem são mesmo eles? Quem são os “estadistas” que você sempre admirou em toda sua “trajetória política”? Seja honesta com o eleitorado e os assuma.
Tancredo, seguramente, não faz parte desse rol.