Mais veloz e barato, ele vai viabilizar o supercomputador doméstico
O chip de computador acaba de dar um enorme salto tecnológico. Na semana passada, a Intel, maior fabricante mundial de microprocessadores, e pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, anunciaram a criação de um chip capaz de operar a laser e multiplicar por 100 a atual velocidade de processamento. Esse avanço tecnológico também abre a possibilidade de que se use o laser para enviar dados entre os chips, removendo um enorme gargalo existente na arquitetura dos computadores. Os raios luminosos já são usados na transmissão a grande velocidade de dados a distância — entre cidades ou escritórios, por exemplo — por meio de cabos de fibras ópticas. Em um chip comum, os dados são transmitidos por impulsos elétricos que percorrem fios de silício ou cobre microscópicos. O que os cientistas fizeram foi cobrir o microprocessador com uma fina camada de fosfato de índio, substância capaz de propagar os raios luminosos. No chip a laser, os fios continuam existindo, mas apenas para orientar os feixes de luz.
Essa tecnologia ainda está na fase de testes e não deve ser colocada à venda antes do fim da década — mas suas possibilidades abrem uma nova perspectiva para a construção de computadores. Primeiro, vai-se eliminar em boa parte o problema do aquecimento. Quando os microprocessadores atuais ultrapassam a frequência de 3,5 GHz, a temperatura pode chegar a 100 graus, o que reduz a vida útil das peças. Como o calor é produzido pelos impulsos elétricos, o problema deixa de existir com o uso de raios luminosos. O segundo impacto será na comunicação entre os chips no interior do computador. Atualmente, os cabos entre eles reduzem em 75% a velocidade da transmissão de informações, em comparação com o que ocorre dentro dos chips. Isso equivale a obrigar um carro que inicia a viagem a 100 quilômetros por hora a percorrer parte do trajeto em ritmo de bicicleta. A mesma tecnologia usada no interior dos chips servirá para dar maior velocidade à comunicação entre os microprocessadores. "O laser é a grande aposta da microeletrônica, pois se move muito mais depressa e não está sujeito às mesmas limitações dos impulsos elétricos", diz o engenheiro João Antonio Zuffo, coordenador do Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo. Em termos práticos, significa que, por preço razoável, será possível ter em casa um super computador, equivalente aos que hoje são utilizados para sequenciar o genoma humano.