Fazendo uso de uma prosa leve, simples e elegante — permeada por inteligentes e oportunas analogias—, em apenas 160 páginas, divididas em apresentação, prefácio, 9 capítulos e 2 apêndices (o 1º sobre o “buraco” da camada de ozônio e o 2º com a Carta Aberta ao Secretário Geral da ONU, de 13 de dezembro de 2007), Geraldo Luís Lino afirma e demonstra aquilo que já vem estampado desde o título e subtítulo: a pseudoteoria do aquecimento global causado pelas atividades humanas (antropogênicas), o pretenso AGA e o tão falado, mas inexistente consenso a seu respeito, não é uma fraude qualquer, mas a maior de todas as fraudes e que já trouxe e ainda trará graves consequências para a espécie humana. Uma tarefa como essa não deve ter sido nada fácil, pois traduzir a complexidade do clima terrestre num texto realmente acessível é uma pequena façanha; explicar como a ocultação dessa complexidade é fator chave na manutenção da fraude tampouco é simples. Todavia, não pense o leitor que o autor apenas argumenta bem: o livro conta com 244 citações e referências, muitas com a indicação de endereços na Internet (links).
Necessária, mas equilibradamente, o autor também recorre a um conjunto de 24 gráficos e quadros: necessários, pois um dos grandes instrumentos pseudocientíficos da fraude do AGA é o infame “Taco de Hóquei”, ao qual é dedicado um capítulo inteiro; equilibrados, uma vez que alguns são de fácil entendimento, outros somente para quem já tem alguma familiaridade com o assunto ou um mínimo de formação científica. Nesse conjunto aparecem duas pequenas falhas de impressão, e não do autor: no Quadro 2.1, à página 31, faltou a indicação da unidade de medida [Gigatoneladas de CO2 (i.e. bilhões de toneladas de CO2); no Quadro 3.1, à página 48, faltaram as legendas, nesta ordem: Grupo/País Energia (TEP)1 Eletricidade (kWh/hab.).
Outra qualidade marcante do livro é trazer ao leitor as noções e a percepção de escala e proporções, imprescindíveis para ao menos fazer idéia da complexidade do sistema dinâmico que é o clima do planeta Terra, e também por que essa complexidade foi propositadamente ocultada pelos arautos do “aquecimentismo”. Verdadeiramente, o autor chega a ser didático, mas sem nunca parecer áulico.
A propósito dessa noção, reproduzo um pequeno trecho: “[...] A ciência apenas começa a vislumbrar um quadro de conjunto desse sistema [o clima terrestre] e, ao contrário do que sugerem os “aquecimentistas”, ainda encontra-se muito distante de poder transformar tal conhecimento em modelos matemáticos capazes de proporcionar prognósticos suficientemente precisos para orientar políticas de alcance global. Ademais, em face de semelhante complexidade, chega a ser risível conceder ao CO2 o papel de protagonista principal do sistema climático. [...] Além disso, uma avaliação da dinâmica climática tem que considerar a escala geológica do tempo e não apenas o ínfimo período decorrido desde a Revolução Industrial no século XVIII. Apenas para facilitar o entendimento da dimensão dessa escala, imaginemos que toda a história do planeta (4,7 bilhões de anos) fosse condensada em um único ano; assim, cada dia seria equivalente a 12,87 milhões de anos; cada hora, a 536.200 anos; cada minuto, a 8.937 anos; e cada segundo, a 149 anos. Como a Revolução Industrial teria menos de “2 segundos” de existência, ficam evidentes as dificuldades de um estudo adequado do clima num período tão limitado. [...]”. E, no entanto, é exatamente nesse período curtíssimo que se baseiam os “estudos” e modelos climáticos do IPCC-ONU.
Quid bono? A quem isso beneficia?
Esta indagação crucial, que já fiz num artigo, é respondida com riqueza de detalhes por Geraldo Luís Lino. Se os aspectos científicos ou pseudocientíficos da fraude do AGA não despertam maior interesse do grande público, os aspectos políticos, financeiros, sociais e civilizacionais deveriam interessar a todos.
No capítulo 4, História (quase) secreta do aquecimento global, o autor situa na década de 1950 as origens do “ambientalismo” tal como o conhecemos hoje: “[...] Na esteira da recuperação econômica do pós-guerra e de uma série de conquistas científico-tecnológicas, disseminava-se um intenso otimismo cultural: a “Revolução Verde” das variedades vegetais alimentícias, os avanços da medicina e da saúde pública, as telecomunicações, as perspectivas de uso pacífico da energia nuclear, a corrida espacial e outras. [...]Naquele momento, a palavra de ordem era industrialização, principalmente entre os países em desenvolvimento[...]”. [...] Foi nesse contexto que certos setores do Establishment anglo-americano[aqui e a meu ver, o autor, clara e inequivocamente se afasta de qualquer xenofobia antiamericana, pois não cai na generalização],que desde o início do século XX promoviam iniciativas que visavam o controle social, como a eugenia (“melhoramento racial”) e o controle demográfico, colocaram em marcha o movimento ambientalista, com a criação de grandes ONGs internacionais [UICN, WWF, Conservation Foundation], as “sementes” da vasta rede de organizações que hoje integram o aparato “verde”[...]”.
A visão de mundo desses setores do Establishment está ligada a uma antiga inclinação de seus membros, ou seja, a de considerar as conquistas da ciência e da tecnologia como ações malignas que ameaçam a natureza e que o sofrimento humano era o resultado da superpopulação. Essa inclinação, em parte baseada nos escritos de Thomas Malthus, transformou preocupações razoáveis numa ideologia profundamente hostil ao progresso econômico e, em última análise, à maioria dos seres humanos.
Geraldo Luís Lino resume: “[...] Em síntese a estratégia hegemônica desses setores do Establishment visava, basicamente: 1) transferir o controle dos processos de desenvolvimento do Estados nacionais para entidades supranacionais [...]; 2) erradicar o “vírus do progresso” entre os estratos educados das sociedades de todo o mundo, com a difusão do irracionalismo e da descrença nas conquistas científico-tecnológicas como motores do desenvolvimento; 3) reduzir o crescimento da população mundial; 4) controlar uma grande proporção dos recursos naturais do planeta [...]”.
Na segunda metade da década de 1960 os estrategistas desse grupo já estavam numa fase avançada da agenda de erradicação do “vírus do progresso”: o conceito então era o dos “limites do crescimento”, para cuja promoção foi criado o Clube de Roma, em 1968.
Numa trilha quase detetivesca, o autor prossegue enumerando as principais instituições e também aqueles indivíduos que viriam a desempenhar papéis cruciais na consolidação do ambientalismo: Instituto Aspen, Atlantic Richfield, família Rockefeller, Fundação Rockefeller, Fundação Ford, Fundação MacArthur, Sierra Club, a antropóloga Margaret Mead, Robert McNamara (ex-Secretário de Defesa dos EUA e depois presidente do Banco Mundial, onde estabeleceu condicionantes ambientais para empréstimos); e o canadense Maurice Strong, que viria a se tornar a própria encarnação do “ambientalismo”.
Há também brasileiros na lista de pessoas influentes intimamente ligadas, mas deixo que o leitor os ‘encontre’ na páginas do livro.
Sobre o IPCC
Evidentemente, esse órgão da ONU é citado com grande frequência, uma vez que passou a ser a entidade mais influente na promoção da pseudoteoria do AGA. Seus relatórios acabam determinando o tom e o passo da marcha ambientalista.
Segundo o autor e vários cientistas citados, o IPCC-ONU (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), criado em 1988, “[D]esde o início foi uma empreitada ativista. A sua agenda era justificar o controle de emissões de gases de efeito estufa, especialmente o CO2. [D]esde o começo, o IPCC foi uma entidade política, em vez de científica, com os seu principais cientistas refletindo as posições de seus governos ou buscando induzir os seus governos a adotar a posição do IPCC [...]”.
Conversa de céticos mal-remunerados? Nada disso. Veja o que o que disse o Instituto para a Pesquisa de Políticas Públicas (IPPR) britânico: “[...] A tarefa das agências climáticas não é persuadir com argumentos racionais, mas, de fato, desenvolver um novo “senso comum”[...] Os “fatos” precisam ser tratados como sendo tão garantidos que não precisem ser ditos [...] Tudo se reduz a tratar as atividades amigáveis ao clima como uma marca que pode ser vendida.Este é o caminho para as mudanças do comportamento de massa [...]”.
Os governos, mundo afora, acabam aderindo, quer por ignorância, temor ou, em vários casos, por míopes motivações eleitoreiras. Curiosamente, mas não por acaso, a maior resistência à adesão a qualquer novo acordo de restrição de emissões vem dos Estados Unidos, cujo presidente é um dos maiores propagandistas do AGA (sem esquecermos, é claro, de Al Gore, a quem o autor dedicada atenção especial).
É também importante lembrar que o livro A Fraude do aquecimento global foi finalizado antes da eclosão do escândalo conhecido como Climategate. As informações trazidas à tona com o vazamento de arquivos e emails da Universidade de East Anglia apenas reforçam a tese central do livro de Geraldo Luís Lino: o AGA é uma fraude.
Mas afinal, o que está em jogo com essa conversa toda sobe restrições de emissões? Bilhões, e em breve, trilhões de dólares, além de sombrias perspectivas para os países pobres ou ainda em desenvolvimento. O principal objetivo é o controle centralizado do mercado dos “créditos de carbono”, criado artificialmente para a troca da “maior commodity não-financeira do mundo”. Em 2008, já foram movimentados 126 bilhões de dólares nesse mercado. Estimativas para o ano 2014 variam entre 2 e 10 trilhões de dólares. Gerald Luís Lino, em outra hábil analogia, lembra que “[O]s créditos de carbono têm uma consistência econômica semelhante à de água de chuva engarrafada. Não têm qualquer lastro econômico real, sendo o seu valor uma criação totalmente artificial ensejada por um mecanismo de restrição de consumo de combustíveis fósseis, que por sua vez, não tem nenhum fundamento científico”.
Segundo o autor, a mensagem delirante é: “Aí vem o apocalipse, mas vamos faturar com ele...”
Esteja certo, caro leitor, nós não vamos faturar nada com isso. Por outro lado, quem quer que venha a ler o livro de Geraldo Luís Lino sairá ganhando duplamente: terá em mãos um compacto e notável guia contra a desinformação e contra o desânimo diante do aparente triunfo da mentira “aquecimentista”.
“Condensada em uma única sentença, minha mensagem é a prodigalidade ilimitada da vida e a consequente inexistência de limites para o destino humano”. — Freeman Dyson [p.116]
Sobre o autor: Geraldo Luís Lino é geólogo, especializado na aplicação de estudos geológicos a projetos de engenharia civil e avaliações de impactos ambientais. É fundador e diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) e co-autor dos livros Máfia Verde 2: ambientalismo, novo colonialismo (2005) e A hora das hidrovias: estradas para o futuro do Brasil (2008), ambos publicados pela Capax Dei Editora.
Capax Dei, 2009, 160 p. (il.), R$ 28,00 (ISBN: 978-85-98059-12-9)
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