Pag-Rsocial - Pagando para  voce se compartilhar com o mundo!!!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

As contradições do PT


Ocongresso do PT foi revelador dos impasses vividos pelo partido, além de sinalizar as dificuldades da candidatura de Dilma Rousseff. O partido optou por uma radicalização esquerdista, na contramão do que foi feito na política macroeconômica lulista, de cunho nitidamente "neoliberal". O Lula pragmático foi substituído pelo partido ideológico. Dilma, por sua vez, orientou seu discurso por uma linguagem intramuros, dirigindo-se à militância e não aos seus eleitores potenciais, que não compartilham desse dogmatismo.
È bem verdade que os dirigentes partidários procuraram atenuar essa posição dizendo-se "de esquerda" e não "esquerdistas", numa linguagem que só serve para os militantes dessa agremiação em busca de um entendimento com os "aliados". Dentre eles, o mais importante, o PMDB, nem foi sequer citado como parceiro preferencial.
 
Tal processo mostra bem as dificuldades que o PT enfrenta de se renovar ideologicamente. Pequenas notícias foram aqui e acolá vazadas, com o propósito de mostrar que o partido vai ainda "compor" com os seus aliados. Foi, no entanto,incapaz de propor algo novo, perdendo-se na repetição do velho. Nada que ajude numa campanha presidencial.
 
O partido age como barata tonta. Adota uma radicalização política, nos moldes bolivarianos/totalitários em voga em países da América Latina, como Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua, sonhando com o "paraíso castrista". Enquanto Honduras realiza eleições limpas e transparentes, o povo manifestando-se soberanamente, dizendo claramente não ao projeto bolivariano de Zelaya, o PT e o seu governo não apenas não reconhecem esse processo, como continuam advogando pela "democracia" castrista, ou seja, pela ditadura totalitária.
 
A persistência chega a ser diplomaticamente ridícula. O próprio presidente Lula, por seu lado, continua considerando a Venezuela uma "democracia", enquanto Chávez elimina progressivamente todas as instituições democráticas.
 
O partido e o seu presidente fazem aqui uma opção nitidamente totalitária.
 
No encontro foi aprovado, entre outros pontos, o apoio incondicional ao Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3) e o controle dito social dos meios de comunicação, duas pérolas de autoritarismo.
 
O PNDH -3 é de fazer corar até stalinistas convictos, que poderiam pregar um pouco mais de recato. Apesar da fraseologia dos direitos humanos, somente os incautos poderiam acreditar no seu valor de face. Os sovietes, apresentados como conselhos populares, são propostos como soluções "ambientais", cerceando e coibindo a criação e a ampliação das empresas. O agronegócio é diabolizado. Os "maoístas", na guerrilha do Araguaia, que pregavam um Estado totalitário no Brasil, são tidos por lutadores da democracia.
 
Nada muito diferente do que intelectuais ocidentais faziam no século 20, encobrindo os crimes do comunismo. Sartre distribuía, por exemplo, um jornal "maoísta" pelas ruas de Paris, enquanto os opositores do comunismo eram presos, torturados e assassinados na China e na Albânia. A nova "humanidade" era assim defendida.
 
O PNDH -3, a Conferência sobre os Meios de Comunicação e o próprio Congresso petista se voltam igualmente contra o suposto "monopólio dos meios de comunicação". Basta ligar a televisão para constatar a diversidade das redes televisivas da TV aberta e, mais ainda, de TV a cabo.
 
Convivem e competem diferentes grupos privados, emissora pública nacional e emissoras estaduais culturais e educativas, católicos e evangélicos. Basta utilizar o controle remoto para observar o pluralismo.
 
Nada que se iguale ao monopólico cubano ou ao projeto liberticida chavista de silenciar qualquer crítica e oposição. Aliás, o Congresso foi mudo a esse respeito, mostrando o seu "profundo respeito" às liberdades. Trata-se, na verdade, de uma tentativa de controle "social", partidário e sindical, dos meios de comunicação, com o intuito de resgatar o projeto petista de antanho, pré-Lula e pró-socialista.
 
Neste contexto, coloca-se a candidatura de Dilma Rousseff. Seu índice de intenção de voto, embora muito alardeado, em torno de 27%, não atingiu ainda o patamar do PT, que se situa entre 30% e 35% do eleitorado. Qualquer candidato do PT tem esse patamar garantido. Logo, a candidata petista está lutando para chegar ao nível do seu partido, não tendo, por enquanto, nada a comemorar. Somente a partir de 35% de intenção de voto é que se poderá melhor avaliar seu crescimento e suas chances reais de vitória.
 
Lula ganhou as eleições de 2002 fazendo um movimento rumo ao centro do espectro político, tornando público um documento, a Carta ao Povo Brasileiro, que não era, frisemos, um texto partidário, mas eleitoral. Conseguiu, graças a ele, sair para fora do gueto petista, no qual tinha vivido circunscrito até então, sofrendo sucessivas derrotas eleitorais. Deixou de seguir a linha dogmática de seu partido, adotando um pragmatismo que o tornou palatável para o eleitorado brasileiro em geral.
 
Ora, o que está fazendo a candidata petista? Está pregando para convertidos. Sua participação no Congresso e a sua assinatura no PNDH -3, referendado no encontro, ajuda-a apenas na militância, no gueto, nada lhe acrescentando do ponto de vista eleitoral. Não ganha voto.
 
Dilma Rousseff está perdendo tempo na campanha, pois sua linguagem está voltada para o partido, para legitimar-se internamente e junto aos ditos movimentos sociais. Ela não é candidata à presidência do PT, mas do Brasil. Ela está procurando preencher um déficit de credibilidade interna, por ser uma cristã nova do ponto de vista partidário.
 
Seu maior desafio, porém, consiste em apresentar um discurso voltado para a população brasileira no seu conjunto, de natureza conservadora. O candidato tucano, com toda a razão, está de espectador. Ele observa as contradições do petismo.

Nenhum comentário: