Oleitor já deve ter vivido a ingrata experiência de discutir um assunto qualquer com alguém que tem como fontes de informação primária os jornais, as revistas ou pior: a televisão; esse alguém sempre acha que sabe das coisas, mas quando você o aperta com perguntas e argumentos que esses veículos não divulgaram, ou quando você faz questionamentos que são fruto daquilo que você investigou em vários livros e também junto a especialistas, a reação desse seu interlocutor é quase sempre neste tom: “Veja bem... não é bem assim. Você está complicando as coisas... Estou dizendo aquilo que a revista disse... ”.
Pois na edição desta semana da Veja, a maior e mais influente revista brasileira, foi publicado um artigo intitulado O dogma derrete antes das geleiras, de Okky de Souza, no qual o articulista apresenta algumas “novidades” sobre a falácia do AGA [Aquecimento Global Antropogênico, ou: “Você é um menino mau que faz mal à mamãe-Terra”].
Eis algumas das “novidades” do artigo na Veja; meus comentários vão entre colchetes:
Eis algumas das “novidades” do artigo na Veja; meus comentários vão entre colchetes:
1. “Descobriu-se que muitas das pesquisas que dão sustentação aos relatórios emitidos pelo IPCC não passam de especulação sem base científica. Pior que isso: os cientistas que conduzem esses estudos manipularam dados para amparar suas conclusões”. [A refutação de cientistas aos relatórios do IPCC vem desde que o primeiro foi emitido, em 1990].
2. “A reputação do IPCC sofreu um abalo tectônico no início do ano, quando se descobriu um erro grosseiro numa das pesquisas que compõem seu último relatório, divulgado em 2007. O texto afirma que as geleiras do Himalaia podem desaparecer até 2035, por causa do aquecimento global. O derretimento teria consequências devastadoras para bilhões de pessoas na Ásia que dependem da água produzida pelo degelo nas montanhas. Os próprios cientistas que compõem o IPCC reconheceram que a previsão não tem o menor fundamento científico e foi elaborada com base em uma especulação. O mais espantoso é que essa bobagem foi tratada como verdade incontestável por três anos, desde a publicação do documento”. [Mais espantoso ainda é que a mesma revista Veja foi uma das que tratou essa bobagem fraudulenta como verdade absoluta e ainda mantém arquivos com essas bobagens, sem nenhum alerta de “Erramos”].
3. “O primeiro abalo na doutrina do aquecimento global se deu no fim do ano passado, quando um grupo de hackers capturou e divulgou mais de 1 000 e-mails trocados entre cientistas ligados à Universidade de East Anglia, na Inglaterra, o principal centro mundial de climatologia”. [“Primeiro” abalo? Apenas como exemplo, e desde 1996, o Wall Street Journal, que não é revista especializada, vem publicando denúncias de manipulação de dados nessa área. Confira aqui e aqui].
4. “É louvável que todos queiram salvar o planeta, mas o debate sobre como fazê-lo chegou ao patamar da irracionalidade”. [Irracionalidade é imaginar que o planeta deva, precise ou possa ser salvo por alguém; irracionalidade é imaginar que todos devam ser irracionais. Irracionalidade é não ter noção de escala: o clima global não pode ser influenciado pelo homem; ambientes locais e poluição localizada, sim. Enfim: não é nada louvável condenar a irracionalidade fazendo convite a outra ainda maior].
5. “Os relatórios do IPCC são elaborados por 3 000 cientistas de todo o mundo e, por enquanto, formam o melhor conjunto de informações disponível para estudar os fenômenos climáticos. O erro está em considerá-lo infalível e, o que é pior, transformar suas conclusões em dogmas”. [O primeiro erro é acreditar nessa informação, fornecida pelo próprio IPCC, de que seus relatórios são redigidos por “3.000 cientistas”. A maioria dos nomes constantes dos relatórios do IPCC não é de cientistas, mas de ativistas políticos. Os cientistas que sobram, tiveram e têm suas objeções suprimidas. O relatório final, ou sumário, é editado por três ou quatro indivíduos. O grande erro é não fazer pesquisa de verdade antes de escrever artigos. Confira: [...] Os cinquenta e dois (52) cientistas que participaram do Sumário do IPCC para Formuladores de Políticas, versão 2007, tiveram de aquiescer aos desejos dos líderes políticos da ONU, num processo que foi descrito como algo mais próximo de uma batalha numa convenção partidária, e não um processo científico].
Falando francamente: se você não quer ficar no “Veja bem...”, leia a editoria de Ambientalismo do Mídia@Mais e aproveite para saber aquilo que especialistas de verdade nos disseram em:
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