Pag-Rsocial - Pagando para  voce se compartilhar com o mundo!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

CQC acha o grande culpado pela corrupção no Brasil: o ladrão de galinha


CQC. Falta ousadia e honestidade para bater de frente com os verdadeiros corruptos do país
Aguardamos com ansiedade o dia que o programa CQC irá usar o talento de seus comediantes para confrontar os responsáveis pelos maiores escândalos envolvendo o Estado brasileiro na administração Lula; até lá, vamos rindo do bêbado que apanha, da torta na cara, da piada de papagaio...
Fez-se muito escândalo em torno da recente reportagem – brilhantemente produzida e conduzida, diga-se de passagem – que narrava o desaparecimento de uma TV de plasma doada à Prefeitura de Barueri e estupidamente proibida de ir ao ar por iniciativa da assessoria jurídica da cidade (http://www.youtube.com/watch?v=7kpHMPGGnH0). Ao assistir à matéria, contudo, é difícil chegar mais longe do que a um riso levemente constrangido: tudo que se vê é o desmascaramento de um golpinho tolo, uma bateção de carteira sem qualquer peso social.
Pode-se dizer que o caso é um hilariante exemplo do descaso com que se tratam, no Brasil, as coisas públicas como se fossem privadas – o que é verdade. Mas é exigir pouco demais de um programa que quer “perseguir os políticos” imaginar que tal irrelevância vá despertar na audiência qualquer coisa além de um inútil e despropositado sentimento de desmascaramento. O espectador lava a alma por uma besteira, por uma banalidade. É como se um trombadinha ser condenado à pena de morte pudesse servir de contrapeso a 50 mil assassinatos anuais e aos traficantes exibindo metralhadoras nos morros cariocas.
Além disso, há uma flagrante incoerência no raciocínio por trás da coisa toda: para aceitar que o furto idiota da TV tenha alguma relevância social, para que o episódio isolado ganhe ares de exemplo, é preciso aceitar também que tanto o Secretário de Educação de Barueri quanto o Prefeito (que, diga-se passagem, não é do PT) possam ser de alguma forma responsabilizados pelo que faz uma funcionária de décimo escalão com um bem público avaliado em 3 mil reais.
Usando o mesmo raciocínio, o CQC poderia perguntar a Lula como ele pode há anos alegar que nada sabia a respeito do desencadear de eventos muito mais sério e de extensão nacional que ficou conhecido como “Mensalão”. Seus principais assessores e amigos estavam envolvidos, e ele não sabia de nada? Mas o CQC se furta a essas perguntas porque, em sua escala de valores, importante e engraçado mesmo é bater em bêbado e chutar cachorro morto: seguranças de senadores, deputados semi-alfabetizados, pobres coitados das mais variadas espécies.
Enquanto prosseguir nesse caminho, o CQC pode ser visto apenas como um programa humorístico, embora pretensioso, que coloca em campo seus talentosos comediantes atrás de irrelevâncias. Se tivesse coragem, não estariam eles atrás de “TVs de plasma” e desmascarando golpes dados na periferia por funcionários públicos de terceira categoria: estariam atrás de peixes grandes. Até que isso aconteça, vamos dar risada dos anões, dos gordinhos, dos gagos...

Nenhum comentário: