“E nós vamos dar a eles esta reposta: mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua, e vamos derrotar eles nas urnas também porque eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas”.
O ex-ministro e atual assessor de Dilma Rousseff, José Dirceu, fez esse discurso em 2000, durante uma assembléia de professores em greve. O sindicato era presidido por Bebel — sim, aquela da greve eleitoreira deste ano, que foi até multada pelo TSE. Dias depois, em 1º de junho daquele ano, seguindo as ordens do chefão, os trogloditas agrediram covardemente o governador Mário Covas, agressão física mesmo, como vocês vêem acima! Já bastante debilitado pelo câncer — morreu nove meses depois —, ele chegou a ter um ponto de sangramento no lábio e outro na cabeça.
Voltemos a 2010 e vamos para Santa Catarina.
Lula participou ontem de um comício em Joinville em apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência e de Ideli Salvatti (PT) ao governo do estado. E petralhou: “Nós precisamos extirpar o DEM da política brasileira”. Pouco antes, numa solenidade de governo, em Criciúma, havia cantado as próprias glórias porque, disse, é um homem que respeita os adversários. Lula foi adiante e explicou por que é preciso “extirpar” o DEM: “Não quero crer que esse povo extraordinário de Santa Catarina vá pensar em colocar no governo alguém de um partido que alimenta ódio…” Demonstrando, então, que ele próprio é uma pessoa que só tem Jesus no coração, petralhou de novo: “Nós já aprendemos demais, já sabemos quem são os Bornhausen. Eles não podem vir disfarçados de carneiros. Já conhecemos as histórias deles”.
Pois é… Como se nota, ele não odeia!
Em 2005, à esteira do mensalão, o então senador Jorge Bornhausen era presidente do PFL e chegou a ter, assim, uma espécie de epifania que, infelizmente, não se cumpriu. Referindo-se aos petistas, afirmou que a gente ia “se ver livre dessa raça por uns 30 anos”. Apanhou barbaridade! Os “inteliquituais” petistas saíram gritando “Racista! Nazista!” Bornhausen processou um deles e ganhou!
Os colunistas progressistas e “outro-ladistas de um lado só” também ficaram indignados. Atentem para a ironia: eles realmente achavam que o PT era uma… raça! Não! Não é! Felizmente, não estamos diante de características transmitidas pelos genes. Pode até ser uma doença moral, psicológica e social, mas não física. Há esperanças.
Pois bem! Digamos que o sentido da afirmação de ambos fosse o mesmo — não é, mas não entro nessa particularidade agora para não me desviar do essencial —, há uma diferença básica de pessoa e de circunstâncias: Bornhausen era só o presidente de um partido de oposição — e, pois, como tal, representava mesmo uma “parte” da sociedade. Lula é o presidente da República. São condições distintas, que pedem decoros distintos. Ele é presidente em tempo integral. Imaginem se, em qualquer democracia do mundo, um chefe de governo e de estado fala em “extirpar” um partido da oposição. É absolutamente inconcebível!
E desta vez? Lula vai apanhar como apanhou Bornhausen, embora as circunstâncias tornem a sua fala muito mais grave? Ora, é claro que não! Vão dizer que é só uma reação, que está devolvendo na mesma moeda. Ocorre, e isto é muito importante, que o tratamento dispensado a Bornhausen não é muito diferente do dispensado a Serra na TV, a quem chamou de “candidato da turma do contra”, que “entorta o nariz para tudo”. Mas ai daquele que apontar o risco de mexicanização da política brasileira e a tentativa do PT de destruir a oposição! O Elio Gaspari e os efebos, os gasparzinhos, logo se excitam. Se preciso, arranjam até alguns “intelequituais” independentes (independentes, mas do PT, é claro!) para dizer que isso não é verdade, que é coisa da direita raivosa…
Lula está bravo porque Ideli Salvatti amarga um terceiro lugar em Santa Catarina. Perde para Angela Amin, do PP, e para Raimundo Colombo, do DEM. Como todos sabemos, em matéria de eleição, Lula só acha feio perder. O resto ele topa.
Bornhausen respondeu: “É triste ter um presidente sem compromisso com a verdade e sem respeito pelo cargo. Pior ainda é que ele venha a Santa Catarina só para destilar ódio, o que é próprio dos embriagados”.
Para arrematarNotem que o estilo de Dirceu em 2000, quando o partido era oposição, e o de Lula em 2010, quando é governo, são idênticos. Nos dois casos, o objetivo é um só: A ELIMINAÇÃO DO OUTRO. E foi com ações dessa natureza que ele foram seqüestrando ou minando a reputação alheia. É claro que essa gente, no melhor de sua forma, deveria ser exibida no horário eleitoral da oposição. Hoje, a população só tem acesso à história do PT contada pelo próprio PT. Eu defendo que ela passe a ser exibida contada pelos próprios petistas — entenderam a sutileza?
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