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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lula no SUS?


No SUS falta quase tudo. Por que Lula deveria arriscar a vida ali?

Julio Severo
Câncer é coisa séria, que precisa ter tratamento qualificado. É por isso que Lula não está se tratando no SUS (Sistema Único de Saúde). Ele optou por um caro hospital particular, não porque seja o homem mais inteligente do Brasil, mas porque qualquer brasileiro minimamente inteligente sabe que o sistema público de saúde geralmente faz muito menos, e às vezes nada, para os pacientes e sua saúde.
Um paciente no SUS tem pouca chance de ser bem tratado e sair vivo. Se a doença é grave, ele geralmente sai morto. Se a doença não é grave, ele corre o risco de sair com infecção hospitalar. Alguém pode condenar Lula por riscar o SUS de suas opções de tratamento?
Sandra Ribeiro, leitora do meu blog, resumiu muito bem o dilema do ex-presidente:
Lula está perdendo sua melhor chance para honrar seus princípios populistas. Como bom demagogo, deveria continuar fingindo que gosta de povo e ir pra fila do SUS, esperando com paciência tupiniquim por uma vaga. Assim, ele saberia o que fez pela saúde pública do país durante o seu governo. Seria sua melhor tacada eleitoral. Pena que — ao fim da fila — ele não estaria vivo pra cantar vitória, pois a espera pelo tratamento seria muito longa e aí... (Tá, tá, eu sei: os petistas não gostam de beber do próprio veneno! Afff!!!)
Sim, Lula é homem do povo — assim diz ele. Mas na hora crucial, se ele ficar com o povo no SUS, ele terá as mesmas probabilidades de sobrevivência do povo. É nessa hora que ele sabe que seu discurso sobre as maravilhas do SUS não tem o mínimo valor.
A função do Estado não é e nunca foi cuidar da saúde e educação da população. Quando o Estado tenta, fracassa. Sua responsabilidade é cuidar da ordem e da segurança. Quando o Estado cuida da saúde, saia de perto. É exatamente por isso que Lula saiu de perto.
Com sua opção de não escolher o SUS, Lula prova que os milhões de impostos roubados da população para suspostamente financiar um SUS que ele julga maravilhoso não fazem nada a não ser inchar o Estado e o bolso de seus corruptos.
O sistema de saúde ideal não virá com um Estado que mente e rouba impostos com a desculpa eterna de investir na melhoria da saúde do povo. Virá com a compreensão de que a saúde é melhor tratada de forma particular. Lula — o socialista, o homem do povo — provou isso.
Muitos anos atrás, li a biografia do escritor inglês A. J. Cronin. Seu primeiro emprego, como jovem recém-saído de uma faculdade de medicina, foi como médico assistente numa zona rural da Escócia. Essa era a época em que os médicos trabalhavam para ajudar o povo, não para explorá-lo. Cronin conta em sua biografia, publicada pela Editora Melhoramentos, como tinha, em pleno inverno com neve, de acordar no meio da noite para ir atender aos seus pacientes aflitos. E o pagamento era muitas vezes galinhas, verduras, frutas e o oferecimento de serviço braçal, tal como cuidar da horta dele ou capinar seu terreno.
Um amigo médico de Cronin morreu de pneumonia, ao ir dar atendimento no meio da noite, se expondo aos ventos de uma gélida noite de inverno. Hoje, quem morre não são médicos que atendem seus pacientes, mas pacientes nas filas ou atendimentos do SUS — a não ser, é claro, que o “paciente” privilegiado em questão seja um homossexual querendo operação de “mudança” (mutilação) de sexo. Aí o tratamento é caro e preferencial!
Cronin não tinha um carro da última geração. Não tinha uma conta bancária gorda. Não tinha amantes nem vícios. Ele era um médico católico de princípios. Ele trabalhava muito e ganhava, em termos financeiros, pouco. Mas ele era o amigo da população local. Os médicos de sua geração, formados na base da ética, eram treinados para cuidar dos pacientes na máxima medida possível. O rigor da ética imperava desde a faculdade de medicina até o exercício da profissão.
Em contraste, a ética e a moralidade são espécies em extinção num ambiente universitário moderno onde estudantes de medicina se ocupam com farras e noitadas. Com esse treinamento com a mente cheia de drogas e sexo, mais tarde eles exercem sua “profissão”, enfiando bisturis nos pacientes e a faca em seus bolsos. Muitos trabalham pouco e ganham muito.
Claro que há exceções à regra, mas tenho certeza de que Lula, o defensor do SUS para o povo, preferiria um Cronin a um médico do SUS. Afinal, com a saúde não se brinca.
Mais do que uma necessária privatização dos serviços médicos, com uma consequente e igualmente necessária baixa de impostos, a população precisaria de médicos particulares com a ética e moralidade rigorosa de Cronin. Mas nos tornamos um Brasil com uma população que gosta de dar um “jeitinho”, com políticos que igualmente gostam de dar um “jeitinho”, produzindo uma sociedade de corruptos que não dá espaço para uma ética e moralidade rigorosa que contam muito quando você está com uma doença mortal.
O Brasil não merece um Cronin, mas Lula certamente merece o SUS, pois cada um deve colher o que plantou. Se ele não colher aqui, a justiça de Deus na eternidade será perfeita.

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