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terça-feira, 11 de março de 2014

[ESTUDO] Descoberta uma Cura Natural Para o HPV e Potenciais Anti-Cancerígenos da Curcumina

[ESTUDO] Descoberta uma Cura Natural Para o HPV e Potenciais Anti-Cancerígenos da Curcumina:





Notícias Naturais



Apesar da crença generalizada de que a infecção pelo HPV é uma força letal contra a qual só temos a vacinação e a espera vigilante para nos defender, foi recentemente confirmado por um estudo que tanto a antiga medicina de ervas como as defesas imunológicas inerentes do nosso corpo têm poder significativo contra esta doença.



Um estudo inovador publicado no Jornal Asian Pacific de Prevenção do Cancro, intitulado "Cura de Infecção do Colo do Útero pelo Papilomavírus Humano Através da Aplicação Tópica de Curcumina e Curcumina Contendo Creme fitoterápico: Um Estudo Fase II Controlado Randomizado", revela que a vacinação e espera vigilante não são os únicos o recurso contra a infecção por HPV.



A curcumina, substância encontrada no pó amarelo-alaranjado extraído da raiz da cúrcuma ou açafrão-da-índia (Cúrcuma longa).





Se acredita que o estudo seja o primeiro de seu tipo para encontrar uma intervenção terapêutica eficaz e segura para a cura de papilomavírus humano do colo do útero (HPV). Além disso, o estudo confirmou que a infecção pelo HPV é auto-limitada e desaparece sozinha em 73,3% do grupo placebo não tratado no prazo de 37 dias.



Os pesquisadores avaliaram a eficácia de duas intervenções de ervas para eliminar a infecção pelo HPV do colo do útero, de mulheres que teriam a infecção pelo HPV por meio de exame de Papanicolau e exames de DNA do HPV (PCR), mas cuja condição ainda não tinha progredido para neoplasias cervicais de alto grau (ou seja, pré-câncer cervical).



Na primeira intervenção foi utilizado um creme vaginal fitoterápico contendo contendo extratos de curcumina, reetha, amla e aloe vera, conhecida pelo nome comercial Basant. A segunda intervenção foi uma cápsula vaginal de curcumina. Os outros dois grupos receberam ou um creme vaginal placebo ou uma cápsula vaginal placebo.



Todos os 287 indivíduos foram instruídos a usar uma aplicação da formulações diárias indicadas durante 30 dias consecutivos, exceto durante a menstruação. Sete dias após a última aplicação eles foram convocados para repetição do teste de HPV, citologia e colposcopia.



Os resultados foram os seguintes :

"Taxa de cura do HPV nas mulheres que haviam utilizado o creme Basant (87,7%) foi significativamente maior do que os grupos combinados que usaram os placebos (73,3%). A curcumina causou maior taxa de cura (81,3%) do que o placebo."
Irritação vaginal e prurido, principalmente leve a moderada, foi significativamente maior após a aplicação Basant. Nenhum evento adverso grave foi observado.



Embora ambas as formulações à base de plantas sejam capazes de aumentar significativamente a taxa de cura de HPV, é de notar que o grupo que usou o placebo experimentou também uma taxa de cura de 73,3%, o que  confirma que a maioria das infecções por HPV irão desaparecer do corpo como um resultado do sistema imunológico fazendo o seu trabalho corretamente. Os pesquisadores reconheceram que este não é um novo achado:



"Já está documentado que a maioria das infecções por HPV são auto-limitante e a imunidade mediada por células é responsável pela eliminação espontânea".



Na verdade, este assunto foi abordado em um artigo anterior intitulado "A Vacina contra HPV Debate: Não Pergunte, Não Diga" (link em inglês):



Em 2004, o jornal científico Lancet publicou um estudo que descobriu que lesões cervicais escamosas intra-epiteliais de baixo grau (LSIL) comumente associada com a infecção pelo HPV regridem espontaneamente em 61% das fêmeas em até 12 meses e 91% dentro de 36 meses. [I] LSIL é considerado uma forma leve de displasia cervical (CIN), mas é, no entanto, muitas é muitas vezes submetida a medidas mais agressivas, como a colposcopia com biópsia, [ii] o que por vezes leva a um tratamento cirúrgico.



Outro estudo de 2010 publicado no Jornal Europeu de Obstetrícia, G Ginecologia e Biologia Reprodutiva descobriu que no final de 12 meses de acompanhamento, a taxa de regressão de NIC 2 foi de 74 % (31/42), a taxa de progressão para NIC 3 foi de 24% (10/42) e, um caso CIN 2 persistiu (2%) . Finalmente, um estudo de 2011 no Jornal de Doenças do Trato Genital Inferior descobriu que aos 12 meses, 70% das NIC 1 e 54% das lesões CIN 2 regrediram espontaneamente (p <.001). [Iii]



As probabilidades são portanto claras em favor de que as alterações celulares associadas ao HPV (chamadas de lesões "pré-cancerosas") regridam naturalmente como a maioria das infecções virais auto-limitadas. As vacinas não são claramente responsáveis pela "proteção" conferida pela nossa imunidade inata, nem é o vírus HPV alguma força inevitável da letalidade que só as campanhas de vacinação contra HPV universais podem efetivamente combater.



Dada a crença generalizada de que a infecção pelo HPV é uma força letal contra os quais temos apenas a vacinação e a vigilante espera para nos defender, estes últimos estudos nos encorajam a reconhecer tanto o poder do corpo humano e seus aliados naturais de plantas para nos ajudar a manter nossa saúde, apesar da constante ameaça de infecção.



Na realidade, os resultados da intervenção não são surpreendentes, dado a quantidade reconhecida de estudos que indica o valor da curcumina como um agente anti-câncer. Não só este poderoso açafrão polifenol sido extensivamente pesquisado por suas propriedades anti-câncer em mais de 100 tipos de células do câncer diferentes, como o banco de dados GreeMedInfo contém 11 estudos especificamente sobre propriedades anti- câncer do colo do útero da curcumina, que podem ser encontrados aqui (em inglês).



Achei muito interessante este outro artigo que mostra os potenciais anti-cancerígenos da curcumina. Transcrevo abaixo o texto:



Curcumina e Câncer : antiproliferativo, antiapoptótico, antiangiogênico e antimetastático

 O Açafrão da Índia ou “Turmeric” ou “Cúrcuma” (Curcuma longa Linn.) é uma planta da família do gengibre (Zingiberaceae) sendo a raiz a parte mais utilizada na culinária e na medicina. No Brasil, principalmente em Minas Gerais e Goiás, é conhecida como Açafrão da Terra, Açafroa ou Gengibre Amarelo. De acordo com o Eng. Agrônomo Ademar Menezes Junior  não podemos confundir o Açafrão da Índia com o  “Açafrão Verdadeiro” utilizado nas “paellas” espanholas, que é dispendioso e corresponde aos estigmas dessecados da bela flor amarela ou vermelha da planta Crocus sativus.

            É no rizoma da Curcuma longa que está o componente mais ativo da planta, a curcumina presente em 2 a 5% deste delicioso tempero.

            A curcumina, isolada pela primeira vez por Vogel em 1842, é um pó insolúvel na água e no éter, mas solúvel no etanol e no DMSO. A sua estrutura foi descrita por Lampe e Milobedeska em 1910 e quimicamente é um diferoilmetano com a fórmula : C21H20O6  e peso molecular:368,4 .

            A curcumina comercial encontrada nos mercados a preços bem acessíveis, contém três cucurminoides que lhe confere a cor amarelo alaranjada:  curcumina (77%), demetoxicurcumina (17%) e bisdemetoxicurcumina (3%).        

            Ela é muito consumida na Índia, cerca de 100 mg/dia por habitante, como tempero. Estudos recentes mostram que podemos ingerir até 8 g/dia sem efeitos colaterais, entretanto a biodisponibilidade celular da curcumina é muito baixa , devido à  rápida glucoronidação hepática e intestinal. O folclore nos ensinou que a adição de pimenta do reino (Piper nigra) aumenta em 2000% a biodisponibilidade do princípio ativo. Na Índia o povo adora açafrão e pimenta .

            Nos Estados Unidos são muito comuns o câncer de mama, de colon, de próstata e de pulmão, o que não acontece na Índia, onde é alta a ingestão de cúrcuma. Observou-se aumento da incidência de câncer de colon em imigrantes da Índia vivendo nos Estados Unidos, o que mostra o valor da dieta como fator quimiopreventivo (in Aggarwal-2003).

            A medicina complementar baseada em evidências científicas e na observação cuidadosa pode e deve ser utilizada conjuntamente com a medicina convencional ou quando não se obtém desta os resultados esperados. O médico não pode simplesmente dizer que não há mais nada a fazer, sem antes tentar de um modo firme, sensato e rigoroso todas as armas da medicina complementar (Felippe -2006-2007). Um dos exemplos é o uso da Cúrcuma.

            A cúrcuma tem sido utilizada na medicina Ayuverdica, medicina tradicional da Índia, por mais de 6000 anos nas seguintes situações: desordens biliares, anorexia, tosse, feridas em diabéticos, males hepáticos, reumatismo, sinusite, etc. .          

            Encontramos de 1966 a 2007, 1492 referências no Medline sobre a atividade biológica da curcumina. Recentemente a literatura médica mostrou que a Cúrcuma possui os seguintes efeitos:



Anticâncer

Aumenta o efeito da quimioterapia nas situações de resistência a múltiplas drogas

Antiaterosclerótico

Antinflamatório

Reduz o colesterol

Diminui a oxidação da LDL

Inibe a agregação das plaquetas

Diminui o tamanho da trombose no infarto do miocárdio

Diabetes tipo II: hipoglicemiante, diminui os níveis de hemoglobina glicosilada e diminui a microalbuminúria

Esclerose Múltipla: diminui as crises de exacerbação

Alzheimer: retarda o processo degenerativo

Fibrose cística: corrige alguns defeitos

Doenças inflamatórias dos olhos: uveíte anterior crônica, pseudotumor orbital idiopático

Diminui as dores na artrite reumatoide

Efeito nas doenças de pele: psoríase e dermatites

Efeito na esclerodermia

Estimula regeneração muscular

Melhora a regeneração das feridas

Cicatriza escaras

Protege o fígado e rins de lesões tóxicas

Aumenta a secreção biliar

Diminui a formação de cálculo biliar

Efeito nas doenças inflamatórias de intestino

Protege contra a formação de catarata

Protege o pulmão da fibrose

Inibe a replicação do HIV

Inibe a reprodução das leishmanias

Nas palavras de Bharat Aggarwal e Shishir Shishodia: “Vamos fazer uma viagem para nossas “RAIZES” antigas para explorar as “RAIZES” da Curcuma longa”



Efeitos da Curcumina no Câncer



            A curcumina possui uma série de efeitos na prevenção e no tratamento do câncer. É o fitoquímico que inibe o maior número de vias de sinalização, transdução e transcrição que conhecemos e por esse motivo possui potente efeito no câncer como antiproliferativo, apoptótico , antiangiogênico e antimetastático.



Efeitos da Curcumina no Câncer “in vitro”



            A curcumina suprime a proliferação de vários tipos de células tumorais in vitro: carcinoma de mama, carcinoma de colon, carcinoma de próstata, carcinoma basocelular, melanoma, leucemia mielógena aguda, leucemia de células T e linfoma de células B.

            A curcumina interfere na proliferação celular maligna de várias maneiras: inibe os efeitos dos fatores de crescimento tumoral, inibe proteínas envolvidas no ciclo celular e inibe a ornitina decarboxilase (ODC).

            A apoptose é um modo discreto das células morrerem sem fazer alarde, digo inflamação. Provocar apoptose em paciente com câncer grau IV não faz piorar o seu estado geral já tão comprometido.

            A curcumina é capaz de induzir apoptose nas células malignas por mecanismos dependentes ou não dependentes da mitocôndria.

            No mecanismo mitocondrial, o que acontece em grande número de células, a curcumina ativa seqüencialmente a caspase 8 , a diminuição do potencial transmembrana mitocondrial, a abertura dos poros de transição, a liberação de citocromo-c, a ativação da caspase -9, a ativação da caspase-3, a clivagem do PARP e finalmente a fragmentação do DNA e apoptose.

            Nos mecanismos não mitocondriais a apoptose acontece por:



diminuir a produção de proteínas antiapoptóticas  bcl-2 e bcl-x

induzir a proteína bax através da p53 provocando apoptose no câncer de mama

induzir a proteína p53 mediadora da apoptose no câncer de colon

aumentar a oxidação intracelular por aumento da geração de radicais livres com a diminuição do GSH intracelular.

inibir PTK e PKC

            Bharat Aggarwal, grande estudioso dos efeitos da curcumina no câncer, afirma que a curcumina inibe o crescimento tumoral e induz a apoptose de vários tipos de células malignas com mecanismos semelhantes à maioria dos agentes quimioterápicos (Aggarwal-2003), porém sem efeito prejudiciais sobre as células normais.

            A seguir vamos enumerar os efeitos da curcumina nas diversas vias de sinalização que culminam na indução de apoptose, na diminuição da proliferação celular, na inibição da neoangiogênese e no efeito antimetastático.



Mecanismos de Ação da Curcumina nas Vias de Sinalização das Células Malignas



Inibe a Via Fator de Crescimento

inibe a atividade da proteína tirosina kinase (PTK) do receptor EGF

inibe a fosforilação da tirosina provocada pelo receptor EGF

inibe a atividade kinase intrínsica do receptor EGF

Inibe a Via MAPK – “mitogen –activated protein kinases”

inibe a via de sinalização c-Jun Nterminal kinase (JNK)

inibe a ativação da IL-1 sobre a MAP kinase

diminui a expressão do gene MMP

Suprime a transcrição do fator de transcrição “early growth response”-1 (Egr-1)

Diminui a expressão de receptores andrógenos e a sua transativação

Inibe a Via da Proteína Kinase – serina/treonina proteína kinases

inibe a proteína kinase C (PKC)

inibe a proteína kinase A (PKA)

inibe a fosforilase kinase (PhK)

inibe a autofosforilação-ativada pela proteína kinase (AK)

inibe a proteína kinase dependente do AMP-cíclico

Inibe a Via AP-1 (Ativador da Proteína-1)

inibe a expressão dos proto oncogenes c-fos , c-jun e c-myc induzidas por TPA (agente promotor de tumor)

inibe a expressão das proteínas c-Jun e c-Fos induzidas por raio ultravioleta e TPA

inibe a IL-1 e o TNF induzido pelo AP-1

inibe a ativação do AP-1 induzida por TPA

inibe a liberação do AP-1

inibe a IL-1 estimulada pelo AP-1

diminui a expressão do gene MMP





Inibe a Via NF-kappa B

-suprime a ativação da transcrição do NF-kappa B no núcleo

-inibe a IL-1, a  IL-1alfa e o TNF induzido pelo NF-kappa B

-inibe  a ativação do NF-kappa B induzida pelo TPA (agente indutor de tumor)

-inibe a ativação do NF-kappa B induzida por quimioterápicos

-inibe a produção e a liberação de TNF

-inibe a produção de citocinas inflamatórias pelos monócitos do sangue e macrófagos alveolares

-regula a expressão de citocinas pró-inflamatórias

-inibe a atividade da Ikappa B kinase , que é ativador do NF-kappa B

-inibe a resposta angiogênica induzida pelo MMP-9 (matrix metaloprotease) e FGF-2 (fibroblast growth factor)

-diminui a expressão do gene MMP

-reduz a expressão do gene fator tissular endotelial

-inibe a transcrição e a expressão da COX2

-inibe a expressão da enzima oxido nítrico sintetase induzida (iNOS) e diminui a produção de ácido nítrico

-induz a expressão do gene p21

-Suprime a ciclin dependente de kinase (CDK), a ciclin D1,  inibindo ciclo celular





Outros

- inibe a atividade da fosfolipase D em mamíferos

-inibe a Ca-ATPase do retículo sarcoplásmico

-aumenta a velocidade de acúmulo intracelular de cálcio iônico

-inibe a atividade e a expressão da LOX e COX

-induz aumento da atividade da glutationa S-transferase (GST)

-modula a atividade do citocromo P450

-modula a P-glicoproteína e induz sensibilidade aos quimioterápicos

-estimula a expressão das proteínas de estresse

-inibe a proteína farnesil transferase (FPTase)

-suprime moléculas de adesão, suprimindo metástases

-suprime a formação de citocinas inflamatórias: TNF, IL-1,IL-12 e quimocinas

-inibe a atividade da telomerase

-Inibição da Inflamação pela Curcumina



            A inflamação está implicada na carcinogênese e a curcumina é um potente agente antinflamatório.

            Joe em 1997 mostrou que 10 micromoles de curcumina inibe em 82% a incorporação de ácido araquidonico na membrana citoplasmática de macrófagos do peritoneo do rato. Também inibe em 45% a incorporação de prostaglandina E2 e 61% de leucotriene B4 ao lado de aumentar em 40% a secreção de 6-ceto PGF1a.

            A curcumina inibe a secreção de colagenase, elastase e hialuronidade, ao lado de inibir vários tipos de fosfolipases: fosfolipase D, fosfolipase A2 e fosfolipase C.

            A curcumina inibe vários fatores inflamatórios como o NF-kappa B e AP-1 e também reduz a produção de citocinas pró inflamatórias como o TNF, IL1beta e IL-8.



A Curcumina Inibe a  “farnesil protein transferase” – FPTase



            As proteínas Ras devem ser isopreniladas para apresentarem atividade biológica: proliferação celular maligna.

            O farnesil pirofosfato é um intermediário da via mevalonato e doa seu radical isoprenil ativando o oncogene ras. Chen em 1997 mostrou que a curcumina inibe a FPTase o que impede a farnelização da proteína Ras p21 e conseqüentemente impede o seu efeito proliferativo.



A Curcumina Inibe a Atividade da Telomerase



            A  ativação da telomerase é uma etapa crucial da proliferação celular e a curcumina é um potente inibidor da ativação da telomerase. A melatonina e a epigalatocatequina-3-galato também inibem a telomerase.

            A atividade da telomerase nas células MCF-7 do câncer de mama humano é 7 vezes maior do que nas células mamárias correspondentes não malignas. A curcumina na concentração de somente 100 micromoles inibe em 93,5% a atividade da telomerase nestas células malignas (Ramachandran-2002). Esta inibição é devido à diminuição da expressão do hTERT (“human telomerase reverse transcriptase”), sem interferência do c-myc. É possível que a diminuição da expressão do hTERT seja mediada pela supressão do NF-kappaB provocada pela curcumina.



Efeitos da Curcumina no Câncer “in vivo”



I- Animais



A- Farmacocinética

            Quando a curcumina é administrada na dose de 1 g/Kg em ratos , por via oral, cerca de 75% aparece nas fezes e praticamente nada é excretado pela urina (Wahlstrom-1978). Dosagens no sangue e bile mostram que a curcumina é rapidamente metabolizada. De fato, em suspensão de hepatócitos 90% da curcumina é metabolizada em apenas 30 minutos. Doses de 5 g/Kg não provocaram efeitos colaterais em ratos

            Foi administrado em ratos por via oral,  400 mg de curcumina e verificou-se que cerca de 60% da droga era absorvida pelo intestino. Em 24 horas, 38% da dose administrada estava presente no ceco e intestino grosso A forma encontrada na urina foi conjugada com glucoronídeos ou sulfatos. Encontrou-se somente traços de curcumina na

veia porta, fígado e rins e nada no sangue do coração em 15 minutos a 24 horas após a  administração (Ravindranath-1980).

            Outros autores mostraram que a absorção da curcumina variou de 60 a 66% independentemente da quantidade ingerida.

            Todos estes estudos mostram que a curcumina é razoavelmente absorvida e rapidamente metabolizada e excretada.



B- Carcinogênese experimental



            Vários estudos indicam que a curcumina é um potente agente quimiopreventivo, agindo tanto na iniciação , como na promoção de vários tipos de tumores: mama, cavidade oral, estômago, esôfago, intestino, colon, pulmão e figado (Lu-1993-1994 , Susan-1992 , Shalini-1990 , Li-2002 , Inano-1999-2000 - 2002 , Liao-2001 , Sindhwani-2001 , Ikezaki-2001 , Chuang- e Kuo-2000 , Chuang e Cheng – 2000 , Churchill-2000 , Chun-1999 ,  Kawamori-1999 , Huang-1994-1998 , Kim-1998 , Krishnaswamy-1998 , Limtrakul-1997 , Rao-1995 , Azuine-1994 , Tanaka – 1994 , Kuttan-1985 , Sharma-2001).

             Busquets em 2001 mostrou que a administração de curcumina por 6 dias consecutivos em ratos com caquexia devido ao hepatoma de Yoshida apresentaram redução de 31% do tamanho do tumor hepático.  

            No câncer de próstata humano refratário à hormonioterapia e implantado no camundongo a curcumina reduziu marcantemente a proliferação celular e aumentou drasticamente a apoptose. Juntamente promoveu significante diminuição da neoangiogênese (Dorai-2001). Este trabalho mostra que a curcumina pode ser útil no tratamento do câncer de próstata humano no estado hormônio-refratário.

            Nas metástases de pulmão de melanoma de camundongo a curcumina reduz significantemente o volume tumoral pulmonar, cerca de 90% de redução, e com aumento de 144% na sobrevida (Menon-1995). A explicação é que a curcumina inibe as metaloproteinases responsáveis pela degradação da substância amorfa intersticial o que dificulta a invasão tumoral.

         

II- Seres Humanos



A- Farmacocinética     

            Estudos em animais mostraram que a curcumina é rapidamente metabolizada no fígado e na parede intestinal o que provoca a baixa biodisponibilidade celular da substância.

            Shoba em 1998, conhecedor do fato que os indianos apreciam no seu cardápio diário o uso como tempero da cúrcuma com muita pimenta  resolveu estudar o efeito da piperine extraída da pimenta negra (Piper nigra L) ou da  pimenta longa (Piper longum L) sobre a biodisponibilidade da curcumina. A piperina é a amida do ácido piperínico com o azinane (piperidina).

            A piperina presente em 5% da Piper nigra e 6% da Piper longum aumenta a biodisponibilidade de várias drogas por inibição da glucoronidação no fígado e intestino delgado.

            O grande pesquisador, Guido Shoba, revelou ao mundo algo de interesse prático e de suma importância.

            Quando a curcumina é administrada sozinha a ratos, na dose de 2 g/kg a concentração sérica aumenta moderadamente em 4 horas de observação. A administração concomitante de 20 mg/Kg de piperine aumenta a concentração sérica e diminui a excreção renal no curto período de 1 a 2 horas o que faz aumentar a biodisponibilidade celular da curcumina em 154%.

            Em humanos após a ingestão de 2g de curcumina sozinha (4 cápsulas de 500mg), os níveis séricos foram muito baixos ou até indetectáveis. A administração concomitante de 20 mg de piperine provocou grande aumento da concentração sérica da curcumina em 45 minutos a 1 hora após ingestão o que representa aumento de 2000% na  biodisponibilidade celular da curcumina. Não houve efeitos colaterais.

            A piperina na dose empregada em voluntários normais inibe a glucoronidação hepática e intestinal o que provoca o aumento da biodisponibilidade da curcumina nas células do organismo.

            Devemos nos lembrar que as drogas metabolizadas por glucoronidação também vão experimentar aumento da biodisponibilidade, como o propranolol e a teofilina (Bano-1991).

            Pelo fato da biodisponibilidade da curcumina ser baixa  estudou-se os efeitos dos seus principais metabólitos , o hexahidrocurcumina ,o hexahidrocurcuminol e o sulfato de curcumina e constatou-se que eles também possuem efeitos semelhantes à cucurmina , embora menos pronunciados.



Estudos Clínicos

   

B1- Fase Clínica I

            Sharma em 2001, investigou a farmacocinética da curcumina na dose escalonada entre 440 e 2200 mg/Kg  de extratos de Cúrcuma correspondendo a 36 a 180 mg de curcumina em 15 pacientes com câncer colo-retal avançado e refratário ao tratamento convencional. Em 4 meses de tratamento o uso oral da Cúrcuma foi bem tolerado e não houve toxicidade na dosagem máxima. O número de leucócitos permaneceu estável. A curcumina ou seus metabólitos não foram detectados no sangue ou na urina. As imagens revelaram estabilização da doença em 5 pacientes no período de 2 a 4 meses de tratamento.

            O trabalho foi feito em 2001, e o autor perdeu a oportunidade de mostrar o real valor da curcumina, pois não aumentou a sua biodisponibilidade com a Piper nigra .             Paciência , estamos na Fase I.



B2- Fase Clínica II    

            Cheng em 2001, em pacientes com câncer de alto risco observou que a curcumina na dose de 8 g/dia durante 3 meses foi bem tolerada pelos 25 pacientes incluídos no estudo. Além de 8g ao dia o volume administrado não foi tolerado pela maioria dos pacientes. A concentração sérica atingiu o pico máximo em 1 a 2 horas e gradualmente caiu nas próximas 12 horas. O pico sérico após ingerir 4g , 6g  e 8g de curcumina foi respectivamente: 0.51 +/-0.11 micromol ; 0.63 +/-0.06 micromol e saltou para 1,77 +/-1.87 micromol.

            Notar que o autor não usou piperina.

            Paciência , estamos na Fase II. Será que vai haver Fase III ? Creio que não, pois trata-se de  droga não patenteável.

            A curcumina têm mostrado atividade quimiopreventiva em vários modelos carcinogênicos, nos quais ela inibe a COX2 a nível de transcrição. A COX2 está implicada em vários tipos de cânceres humanos.

            Plummer em 2001, em 15 pacientes com câncer colo retal avançado observou que a ingestão do extrato de Cúrcuma  provocou inibição da formação do PGE2 de uma forma dose-dependente, entretanto sem diferença significante comparado com o valor pré tratamento.

            Notar que o autor não utilizou piperina.

            Acabou a paciência.

         

Conclusão



            Apesar de Guido Shoba ter mostrado que a biodisponibilidade da curcumina pode ser aumentada em até 2000% , não se encontra na literatura trabalhos que utilizam a piperine no tratamento do câncer ou de doenças inflamatórias. Existem sim, inúmeras tentativas de modificações da molécula da curcumina no intuito de se conseguir a patente do produto.

            Não importa se o fitoquímico possui alta atividade nas diversas vias de sinalização das células malignas, não importa se ele possui alto potencial no tratamento do câncer humano, não importa se ele é desprovido dos efeitos colaterais dos anti-inflamatórios não hormonais, o que importa é que ele não pode ser patenteado e portanto não apresenta nenhum interesse.

            Não importa o câncer, não importa a dor, não importa a humanidade, o que importa são os lucros. E o quê fazer com tanto dinheiro?



A maioria dos trabalhos científicos publicados no Planeta são encomendados pelas grandes indústrias farmacêuticas. Podemos realmente acreditar nos seus resultados?



Fontes:

- Notícias Naturais: [ESTUDO] Descoberta uma Cura Natural Para o HPV e Potenciais Anti-Cancerígenos da Curcumina

- GreenMedInfo: Natural Herbal HPV "Cure" Discovered

- Estudo: Clearance of Cervical Human Papillomavirus Infection by Topical Application of Curcumin and Curcumin Containing Polyherbal Cream: A Phase II Randomized Controlled Study 

- Medicina Complementar: Curcumina e Câncer : antiproliferativo, antiapoptótico, antiangiogênico e antimetastático


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