9-Salve Geral (Salve Geral, 2009, dirigido por Sérgio Rezende)
TEMAS: Brasil, polícia, São Paulo, luta de classes, violência urbana, sistema carcerário, justiça
FICHA COMPLETA: http://www.imdb.com/title/tt1526306/
COMENTÁRIO: De certa forma, chamar a “Salve Geral” de filme esquerdista é uma forma de elogiá-lo – o filme tem a substância ideológica de um comercial de salsichas. Seria melhor compará-lo a um comercial de televisão, onde se procura vender determinada produto sem qualquer possibilidade de problematização.
No caso, o produto a ser vendido aqui é um movimento algo revolucionário, supostamente surgido para moralizar a vida dentro dos presídios paulistas – ao qual o filme trata covardemente por “comando”. O “príncipe” do “comando” é um galã de propaganda da Calvin Klein, por quem a heroína do filme se apaixona. Ele é culto, politizado, galanteador, sexualmente ativíssimo, fã de Che Guevara e adepto da não-violência. O enredo não chega perto de perguntar o que levou um cidadão tão delicado a ter de ficar 25 anos atrás das grades. Esse seria o tipo de questionamento sem espaço nos 30 segundos do comercial de salsicha.
Os bandidos de “Salve geral” pecam ora por ingenuidade (no caso do personagem que trai os colegas e se arrepende), ora por excesso de realismo (no caso da advogada corrupta) – mas nunca por maldade ou apego ao crime e à violência. Violentos e criminosos, mesmo, são os policiais e membros do governo (na época, tucano): esses são desagradáveis, desonestos e manipulatórios. Seu “senso de justiça” não passa de fachada para interesses eleitoreiros. E a representante da ”classe média” (desde “Tropa de Elite”, o vilão predileto dos cineastas brasileiros ao lado dos militares) só reclama da onda de violência promovida pelo “comando” porque a faz perder 10 mil reais num negócio de corretagem. Patético.
Ao contrário de outros filmes “esquerdistas” (mesmo brasileiros), “Salve Geral “ tem aquele clima de produção de segunda categoria: descuidos lógicos, dublagens primárias, música brega, uma fotografia pavorosa. O tipo de filme caro que parece barato, na melhor tradição da Embrafilme, de “Carandiru” e de “Lúcio Flávio – Passageiro da Agonia”.
O público, na sala de cinema vazia, torce para uma punição aos criminosos que jamais se concretiza. O fracasso de bilheteria talvez se explique mais pelo desgaste da fórmula do que pela deficiência cinematográfica. É fácil entender por que um cineasta brasileiro possa fazer um filme tão favorável à visão que assaltantes e assassinos têm do sistema carcerário: difícil é aceitar por que empresas como a Oi (http://www.oi.com.br/) e a OHL Brasil (http://www.ohlbrasil.com.br/) possam patrocinar uma obra cujo enredo defende a revolução social por meio da promoção da violência urbana e da criminalidade, assim, pura e simplesmente.
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