O velho padre, durante anos, tinha trabalhado fielmente com povo africano, mas agora estava de volta ao Brasil, doente e moribundo, no Hospital de Base, é a notícia da hora.
Já nos últimos suspiros, ele faz um sinal à enfermeira, que se aproxima.
- Sim, Padre? diz a enfermeira.
- Eu queria ver dois proeminentes políticos antes de morrer, José Roberto Arruda e Paulo Octávio, sussurrou o padre.
- Sim, Padre, verei o que posso fazer, respondeu a enfermeira.
De imediato, ela entra em contato com o Palácio do Buriti e logo recebe a notícia: ambos gostariam muito de visitar o padre moribundo.
A caminho do hospital, Arruda diz a Paulo Octávio:
- Eu não sei porque é que o velho padre nos quer ver, mas certamente que isso vai ajudar a melhorar a nossa imagem perante a Igreja e povo, o que é sempre bom.
Paulo Octávio concordou. Era uma grande oportunidade para eles e até foi enviado um comunicado oficial à imprensa sobre a visita.
Quando chegaram ao quarto, com toda a imprensa presente, o velho padre pegou na mão de Arruda, com sua mão direita, e na mão de Paulo Octávio, com sua esquerda.
Houve um grande silêncio e notou-se um ar de pureza e serenidade no semblante do padre.
Paulo Octávio então disse:
Padre, porque é que fomos nós os escolhidos, entre tanta pessoas, para estar ao seu lado no seu fim?
Padre, lentamente, disse:
-Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor Jesus Cristo.
-Amém, disse
Arruda.
-Amém, disse Paulo Octávio.
E o Padre
concluiu:
-Então... como Ele morreu entre dois ladrões, eu quero fazer o mesmo.
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