Dentre os vários absurdos, tivemos notícia de alguns só hoje [29/12/2009]:
- Inspetores governamentais de agências fiscalizadoras fecharam diversas empresas (que eles diziam serem fajutas) e que fabricavam as lâmpadas incandescentes de R$1,00. Eram pequenas empresas, mas que a máfia do AGA, através de seus tentáculos, conseguiu colocar fora da “lei”. Vocês devem estar se perguntando: o que isso tem a ver? Simples: as grandes empresas não vão mais fabricar as lâmpadas incandescentes baratinhas "porque gastam muita energia". Só vão vender as caríssimas (e porcarias) fluorescentes de rosca (R$9,00) e as ultracaras LEDs (R$25,00). É assim que funciona: não mais a troca seletiva, voluntária e gradativa de tecnologias, mas a sua imposição por via legal. Quem não tem dinheiro, que fique no escuro! Menos liberdade de escolha e mais um ataque aos menos favorecidos, os mesmos que os políticos dizem defender.
- Em São Paulo, o prefeito Kassab, do partido dos DEMô...ops, ex-liberais da frente, já falou que não vai devolver o dinheiro da "inspeção ambiental veicular", alegando que esse dinheiro irá para os pobres e não seria justo devolvê-lo a quem pagou. O finório usa a velha artimanha de jogar ricos contra pobres e vice-versa e ainda teve a cara-de-pau de falar isso na TV (Globo, claro!). Tal atitude foi, mais tarde, justificada pela existência de lei federal que estipula que tributos não podem ser devolvidos, mas, ora, o pagamento da inspeção é feito para uma empresa particular!
- E vai de vento em popa o Rodoanel do Senhor Imperador Serra (do PSDB tucanamente ecológico), com propaganda contínua na TV, somando-se às obras da Marginal "que vão deixar o ar de São Paulo melhor", pois a inspeção veicular “funcionou”, fechando o anel vicioso das conclusões falaciosas baseadas em falsas premissas, com o perdão do trocadilho. Os pedágios continuam sendo cobrados nos acessos ao sistema viário, mesmo sem a sua conclusão. É claro que não revelaram para a população os seus verdadeiros intentos: a mudança das leis para a imposição do pedágio urbano nessas mesmas "marginais novas". Também não revelaram os programas secretos e os acordos entre usineiros e a CETESB (aliás, a Nova CETESB, com poder de polícia). As verdadeiras grandes fontes de poluentes que tomam conta do ar da cidade são as queimadas de cana.
E assim vamos. Enquanto o mundo começa a dizer não ao embuste do AGA, no Brasil não param de acrescentar novos problemas ao cotidiano das pessoas, isolando cada vez mais os que precisam de soluções simples e baratas. Assim são os nossos políticos, de qualquer partido, impondo dificuldades a todos para vender facilidades a alguns; tudo em nome do povo, é claro.
O autor é Professor do Departamento de Geografia-FFLCH/USP e Doutor em Climatologia
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