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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Aumenta a tensão religiosa no Haiti depois do terremoto

Paisley Dodds
PORT-AU-PRINCE, Haiti — Líderes cristãos e sacerdotes do vodu colocaram de lado suas diferenças por um momento na sexta-feira, dando as mãos sob o abrigo de árvores tropicais enquanto alguns sobreviventes do terremoto com bengalas e em cadeiras de roda faziam luto por mais de 200.000 haitianos mortos por um terremoto há um mês.
A catástrofe criou uma barreira entre as religiões do Haiti, pois os grupos cristãos estão avançando entre abalados seguidores do vodu — alguns atraídos pelo constante fluxo de ajuda por meio de missões evangélicas e outros apavorados com um desastre que eles viram como aviso de Deus.

“As pessoas vêem arroz sendo distribuído em frente das igrejas e os sem-teto que agora precisam de documentos estão recebendo certificados de batismo que podem servir como documentos de identidade”, disse Max Beauvoir, sacerdote do vodu para a Associated Press antes de falar na reunião de sexta. “O que é horrível, porém, é que ao rejeitar o vodu essas pessoas estão rejeitando seus ancestrais e sua história. O vodu é a alma do povo haitiano. Sem o vodu, o povo está perdido”.
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Depois do terremoto, o apresentador de programa evangélico americano Pat Robertson disse que o Haiti estava sob maldição depois que seus escravos fundadores fizeram um “pacto com o diabo”. O governo de Obama chamou esse comentário de “estúpido”, mas alguns haitianos estão pensando se Deus pode estar irado com as ligações fortes deles com o mundo sobrenatural.
“O terremoto me assustou”, disse Veronique Malot, uma jovem de 24 anos que se uniu a uma igreja evangélica duas semanas atrás quando estava vivendo num dos muitos acampamentos ao ar livre da cidade. “O vodu faz parte da minha família, mas o governo não está nos ajudando. As únicas pessoas que estão ajudando são as igrejas cristãs”. 
Os cristãos estão liderando a ajuda internacional no Haiti e no resto do mundo em desenvolvimento há décadas.
Batistas, católicos, testemunhas-de-jeová, cientologistas, mórmons e outros missionários estão afluindo no Haiti em multidões desde o terremoto — alimentando os sem-teto, tratando dos feridos e pregando o Evangelho em acampamentos sujos onde agora vivem 1 milhão de pessoas.
Em muitos dos acampamentos, caminhões com caixas de som tocam altas músicas evangélicas enquanto missionários conversam com as famílias debaixo de tetos de lona.
O Rev. Florian Ganthier, de uma igreja evangélica que foi parcialmente destruída no terremoto, disse que ele conhece dezenas de seguidores do vodu que se converteram no mês passado.
“As pessoas que praticam o vodu estão vivendo nas trevas”, disse Ganthier. “Esse terremoto foi um sinal para todos aqueles que não aceitarem Jesus Cristo em suas vidas”.
O vudu, ou vodu como é preferido pelos haitianos, se desenvolveu no século XVII quando os franceses trouxeram para o Haiti escravos vindos da África ocidental. Escravos forçados a praticar o catolicismo permaneceram, em segredo, fiéis a seus espíritos da África ao adotar os santos católicos para coincidir com os espíritos da África, e hoje muitos haitianos se consideram seguidores de ambas as religiões.
Os seguidores do vodu crêem na reencarnação, num deus e num grande número de espíritos. Os líderes do vodu alegam que embora não creiam em maus espíritos, alguns seguidores rezam para que os espíritos façam maldades.
Em 1791, um escravo fugitivo chamado Boukman reuniu milhares de seguidores nas florestas do Norte do Haiti, sacrificou um javali e fez o compromisso de que com a ajuda dos espíritos, ele libertaria seu povo e o Haiti. Depois de 10 anos de derramamento de sangue, a escravidão terminou e o Haiti se tornou a primeira república negra do mundo, tornando Boukman um herói e dando proeminência especial ao vodu.
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Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Nota de Julio Severo: Embora o artigo da AP seja secular e incapaz de reconhecer e abordar os perigos da dimensão sobrenatural do vodu, cujas práticas envolvem invocação de demônios, o texto apresenta, mesmo em meio a algumas informações equivocadas e imprecisas do articulista Paisley Dodds, pelo menos alguns aspectos que merecem reflexão.
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