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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gilberto Carvalho, como bom petista, mistura o público com o privado.


Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência da República, remunerado pelos nossos impostos e com todas as despesas pagas, foi para o Senegal atender o ex-patrão. Primeiro, puxando um "lulalá" quando o chefe chegou, com direito a palmas e um a sorriso embevecido. Até aí tudo bem para quem já disse que não pode ver o Lula que vai ás lágrimas. A partir daí, tudo mal. No seu discurso, o representante de Dilma Rousseff apoiou a tomada de poder pelos movimentos sociais, no Egito, contrariando a orientação de neutralidade e não interferência adotada oficialmente pelo Itamaraty. No dia seguinte, as suas declarações foram desqualificadas pelo ministro das Relações Exteriores. Agora vejam a matéria da Folha de São Paulo, direto do Senegal, do Forum Social Mundial:

Discretamente, o ex-presidente Lula abriu anteontem, no Senegal, as primeiras negociações sobre a atuação de seu futuro instituto na África. Ele teve um encontro reservado no hotel onde se hospedou com dirigentes de ONGs do continente que participam do Fórum Social Mundial, em Dacar. Segundo relato feito à Folha, Lula disse aos ativistas que quer ter participação ativa na cooperação entre países do hemisfério Sul. Ele sinalizou que está disposto a apadrinhar iniciativas regionais e ajudar as ONGs a viabilizar projetos nas áreas de combate à pobreza e segurança alimentar.

O Instituto Lula deve ser inaugurado após o Carnaval. Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), ele ainda não conseguiu definir o perfil da entidade. "Qual o problema do Lula? Tomar o cuidado extremo de não fazer nada que signifique uma intervenção, um poder paralelo no governo Dilma", disse. "Ele tem a consciência de que não deve fazer nada que atrapalhe ou tire a centralidade do governo." Assim, volta a ganhar força o foco na cooperação internacional. "Ele está ensaiando passos. A coisa da África está claro que ele quer fazer", disse Carvalho.

Como Lula tem boca e Gilberto Carvalho não está lá para servi-lo, mas sim ao país, resta saber se a oposição vai continuar calada, sem cobrar decoro do secretário-geral. Daqui a pouco o governo brasileiro vai estar dando dinheiro para ONGs que o ex-presidente apadrinhar, que por sua vez vai receber uma comissão pelos serviços prestados e Gilberto Carvalho vai estar servindo de despachante e intermediário junto a estatais e órgãos de governo. É o que parece. É o que poderá vir a ser.

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