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terça-feira, 3 de julho de 2012

Mundo estranho mundo

Mundo estranho mundo:

Mundo estranho
mundo

Eguinaldo Hélio de Souza
Estamos vivendo em uma era bastante
estranha. Uma era na qual a religião é vista como um mal social e as
preferências sexuais como direito inalienável. O que eu creio deve ficar
guardado a sete chaves em um baú escondido embaixo da minha cama. E os desejos
sexuais de muitos, não importam quais sejam, devem ser respeitados como
sacrossantos, acima de qualquer julgamento. No caso de um choque entre
conceitos religiosos e preferências sexuais, estas últimas têm todas as
regalias e todas as primazias, sem levar em conta o desejo da maioria, a
opinião de cidadãos responsáveis, as tradições, a história, a cultura e sequer
a ciência. É um mundo estranho.
Recentemente um advogado reclamou do
fato da Justiça paulistana estar negando converter a união estável de pessoas
do mesmo sexo em casamento. Ele acredita que os juízes agem “por questões
religiosas e pessoais” e esse tipo de discurso tem se tornado uma arma retórica
poderosa nas mãos daqueles que querem fazer valer sua opinião. Alguém que tenha
convicções religiosas é logo acusado de estar agindo conforme elas, seja isso
verdade ou não. Aplaude-se o “orgulho gay” enquanto sutil e sistematicamente se
tenta sufocar qualquer “orgulho cristão”.
Quando William Carey chegou à Índia
havia um costume cruel e desumano chamado sati — as viúvas eram queimadas sobre
o túmulo dos maridos. Na visão dos indianos tal prática era normal e muitas
viúvas aceitavam sem reclamar. Todavia, “a visão religiosa” de Carey não
conseguiu aceitar isso como certo e motivado por sua “visão religiosa” ele
conseguiu que tal prática fosse abolida. As viúvas da Índia agradecem que
alguém tenha agido por “questões religiosas”.
E o que falar dos sacrifícios humanos no
México onde as vítimas tinham seus corações arrancados ainda vivos? E o que
dizer dos infanticídios ao redor do mundo? E o que dizer do canibalismo entre
diversos povos nativos, tão normal quanto comer um bife e que só terminaram
porque milhões de missionários cristãos se opuseram devido aos seus conceitos
“religiosos”? Ao contrário do que dizem os marxistas a escravidão, uma
instituição milenar no mundo, terminou porque um grupo de cristãos, movidos
pelos seus “conceitos religiosos” pressionou o Parlamento inglês. Caso
desconheçam o fato procurem saber quem foi William Wilberforce.
Estamos vivendo num tempo onde o doce é
chamado de amargo e o amargo é chamado de doce. Onde a luz é considerada
escuridão e a escuridão luz. Onde o bem é mal e o mal é bem. Onde declarar-se
gay é motivo de orgulho e declarar-se cristão é visto como vergonhoso.
Literalmente, o número dos que acham bonito ser feio tem crescido
assustadoramente.
O mais esquisito em tudo isso é que
agora não se trata mais de um simples Ló, um temente a Deus ilhado em um mar de
sodomitas e gomorritas que não aceitam seu estilo de vida e por isso ele se
sente acuado. Agora é um punhado de sodomitas e gomorritas que acuam um imenso
mar de ditos cristãos e estes são obrigados a negar diante do mundo suas
convicções sob o risco de serem linchados. A maioria deve calar-se porque é
cristã, então sua opinião não vale.
Sem dúvida alguma, as leis e os tempos
estão sendo mudados. A “transmutação de todos os valores” como queria Nietzsche
está em andamento. Uma nuvem escura se projeta no horizonte, muito mais escura
do que aquela que um dia mergulhou a Alemanha em uma barbárie da qual até hoje
se lamenta. Não é de admirar que o filósofo louquinho veja prevalecer seu
vaticínio infernal sobre um mundo que rejeita o amor e a luz de Deus. Não é
difícil imaginar porque “veio o dilúvio e levou a todos” (Lucas 17.27).
Mundo estranho mundo.
Versão em espanhol deste artigo: Mundo
extraño mundo
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