No artigo anterior apontamos vários problemas sérios do País que os brasileiros insistem em não ver e os que estão no poder certamente conhecem, só não sabem resolver. Há pouca competência disponível.
A questão dos combustíveis é vergonhosa. Somos os criadores do álcool, há 36 anos. O País tem insistido com o grande irmão do norte para exportar nosso etanol.
Não entendemos como podemos querer exportar quando nem conseguimos abastecer nosso mercado –em que somos obrigados a colocar gasolina de péssima qualidade no carro, cheia de álcool, por falta de preço adequado do chamado etanol. A Petrobras e o governo falam em elevar o preço da gasolina, já nas alturas, alegando defasagem de preço. E querem fazer crer que a gasolina mais cara do mundo está barata.
Nossa internet é das piores do mundo, e das mais caras. Enquanto a média de nossa internet é de 1MB, a da Coreia é de 1 a 2 GB.
Diferença de "apenas" 2.000 vezes. A energia elétrica não fica atrás. É das mais caras do planeta, no País que mais rios tem no mundo.
A telefonia é outra vergonha nacional. É verdade que melhorou muito em relação ao Estado – aliás, qualquer coisa nas mãos de qualquer um é melhor que nas mãos do Estado brasileiro, mas há muito que andar.
A saúde é lastimável. Quem acompanha os fatos conhece os graves problemas.
Sobre a educação nem dá para falar. Aliás, já nem se sabe mais falar no País, talvez por isso não se saiba reclamar. Nas olimpíadas estudantis vemos o quão vergonhosa é nossa educação. Em língua, matemática e ciência, ficamos nas posições acima de 50. A China em primeiro. Visitamos a China e reclamamos da competitividade deles.
Como disse o presidente chinês, o problema do Brasil é o Brasil, não a China.
Segurança? Nem é preciso comentar. É só ver o que se passa, o quanto se morre hoje e quanto no passado não muito distante. Dirão que a população é maior agora. Sem desculpas. A violência é cada vez maior em qualquer local ou campo. Nosso trânsito mata o equivalente a um Boeing 737 lotado todos os dias. A violência idem.
Voltamos a ser um país exportador de commodities, após intervalo de 35 anos (1974 a 2009), como "entrantes" no mundo das manufaturas. Os preços estão mais altos do que jamais estiveram. É possível prever o que ocorrerá se os preços internacionais despencarem na nossa cabeça : o mercado interno não dará conta da sobra. O resultado nem precisa ser dito. E a "desindrustrialização" continua em ritmo acelerado: corre na "Fórmula 1" enquanto nossas autoridades acham que é na "Fórmula charrete".
A história do Brasil vai sendo mudada dia a dia pelos nossos atuais governantes. Lembramos aqui de George Orwell, genial escritor inglês que escreveu "1984" –em nossa opinião, descrevendo "o Brasil do futuro". Só errou a data, por algumas décadas. Quem ainda não leu, devia lê-lo, pelos conhecimentos que passa. Vale ver o que o Grande Irmão (Big Brother) faz. Aliás, avisamos aos desavisados que ele não copiou o Big Brother da Endemol ou da Globo: é seu criador.
Queremos pedir aos brasileiros, que sejam menos brasileiros. Somos um povo versátil e inteligente quando queremos. Capacidade não nos falta. O que falta é leitura, estudo, cultura. Falta interesse no futuro. Falta começar a perceber o que fazem os governantes. Não se pode mais dar carta branca a quem não merece. Não se dá carta de motorista a quem nunca aprenderá a "dirigir'.
Falta sermos um pouco mais suíços. Talvez suecos. Japoneses? Sim, e também ingleses. Quem sabe alemães. Países onde se compra jornal e se paga sem ninguém para receber. No Brasil, qualquer banca iria à bancarrota se não tivesse alguém para receber as moedinhas.
Brasil, é hora de acordar e levantar do berço esplêndido. Há que trabalhar duro e bem. Há dois mil anos um revolucionário mudou o mundo. Acorda, Brasil!
Publicado pelo Diário do Comércio em 25/11/2011
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