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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lula: amanhã, palestra para bilionários; depois de amanhã, para golpistas de esquerda da América Latina


Isso e que é ecletismo. Leiam o que vai abaixo. Volto em seguida:
Lula faz palestra para bilionários e herdeiros em ilha na Bahia
Por Bernardo Mello Franco, na Folha Online:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará palestra nesta quarta-feira numa reunião de bilionários latinoamericanos e seus herdeiros na ilha de Comandatuba, na Bahia. Ele foi contratado para participar do 9º Encontro de Empresários da América Latina –Pais e Filhos. O valor do cachê não foi divulgado. Lula tem cobrado em torno de R$ 200 mil para fazer palestras para bancos e multinacionais no país. O evento desta quarta é promovido pelo mexicano Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, com patrimônio estimado em US$ 74 bilhões pela revista “Forbes”.
O bilionário Eike Batista é esperado com seu filho Thor. Também estão na lista de convidados Abílio Diniz (Pão de Açúcar), Roberto Irineu Marinho (Organizações Globo) e Joseph Safra (Banco Safra), todos acompanhados dos filhos. Na quinta-feira, Lula viaja para a Nicarágua, onde participa da reunião anual do Foro de São Paulo, que reúne os maiores partidos de esquerda do continente.
VolteiFernando Barros e Silva, colunista da Folha, escreveu hoje sobre o apartamentão de Antônio Palocci. O primeiro parágrafo:
“O ministro Antonio Palocci comprou um apartamento de 502 m² nos Jardins. Estilo neoclássico. Tudo bem, gosto não se discute. Mas até nisso, no prazer de novo rico pela ostentação, o PT se confunde com a direita.”
Quando a direita faz alguma bobagem, Barros e Silva a critica. Quando ele aponta algum comportamento reprovável na esquerda — Palocci, para todos os efeitos, é capa-preta de um partido que se reafirmou “socialista” em seu último congresso —, a direita apanha de novo. Uma de suas características seria o “prazer de novo rico pela ostentação”.
A consideração permite muitas ilações e indagações. Uma delas é a de que o rico de raiz não é ostentador. Não fica claro se o dinheiro velho tende a ser mais progressista que o dinheiro novo ou se a riqueza antiga forma a direita enrustida. Em qualquer hipótese, a gente nota que o colunista acredita que os defeitos de Palocci são certamente aqueles que o aproximariam da direita. Nem quero indagar de onde procedem as virtudes… E uma notinha à margem: por uma questão de simples oposição — ou posição —   estrutural, é sempre o velho rico quem ataca o novo rico. Eu, por exemplo, que sou um velho pobre sem ser um novo rico, aplaudo essa gente esforçada, ainda que não adote o seu mesmo quadro na parede.
Engraçado, né? Somos todos favoráveis à mobilidade social, desde que pobre continue conformado com a pobreza.  Se ele ascende um pouco, é logo acusado de ser um analfabeto arquitetural. É uma concepção aristocrática de mundo. Se nasceu sem berço, não tem cura. O máximo aceitável para um pobre é se tornar um teórico da pobreza… Mas vamos ao ponto. Acabei tomando um desvio, ou nem tanto, porque algumas considerações de Barros e Silva sempre me inspiram.
Olhem lá: Eike Batista entre os bilionários… Tsc, tsc, tsc… Como exclamaria Narcisa Tamborideguy: “Eike loucura!” Eu acho seu dinheiro novo demais para estar entre os selecionados para ouvir os ensinamentos de um velho bolchevique como Luiz Inácio Lula da Silva, o homem que converteu a luta de classes numa grande janela de oportunidades para si mesmo e para seus companheiros. Ou por outra: Lula fez do confronto entre ricos e pobres um “asset”, como dizem os novos ricos do mercado. E quem valorizou enormemente o que ele tinha a vender foram justamente os teóricos do reacionarismo das elites. Como ele soube vender adequadamente o confronto, compareceu depois com a resposta para a conciliação.
Lula inventou um sistema no Brasil: a desigualdade distributivista. E todos estão muito felizes.
E esse Che Guevara de mercado não pára. Depois de falar aos bilionários, vai cuidar da “revolução” latino-americana no Fórum de São Paulo, que reúne algumas das grandes bestas do continente, algumas delas empenhadas na construção ou consolidação de regimes de força em seus respectivos países, a exemplo de Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e Daniel Ortega. Em Comandatuba, dirá por que o PT foi a melhor coisa que poderia ter acontecido aos bilionários; no Fórum, por que é preciso encostar os bilionários na parede.
Talvez Barros e Silva considere que a vocação dinheirista de Lula é coisa de direita. Eu não tenho dúvida de que esse discurso com um caráter de dupla face é coisa de esquerda.

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