Por Nilson Borges Filho (*)
A presidente Dilma Rousseff não está bem de saúde, por mais que seus assessores tentem esconder da opinião pública o seu real estado. O seu abatimento é visível e sua fisionomia demonstra um cansaço que vai além das preocupações com a rotina do governo. A pneumonia dupla que atacou os pulmões da presidente, já é conseqüência da fragilidade física de quem passou por um tratamento contra o câncer.
As trapalhadas do chefe da Casa Civil da presidência da República, o todo-poderoso Antônio Palocci, não só estão contaminando o governo e criando turbulências na base aliada, como estão provocando uma luta fratricida entre as diversas correntes que trafegam no interior do PT.
Lula acompanha de perto o desenrolar da crise que afeta diretamente o governo petista de olhos voltados para 2014, quando se apresentará como a melhor opção para dar continuidade aos anos que ficaram conhecidos como o lulo-petismo. Dilma está com um grande problema nas mãos: demitir um ministro indicado por seu patrão.
Mesmo estando convencida de que Palocci não tem a menor condição política para permanecer no cargo, a demissão do seu principal auxiliar tem que passar pelo aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E não será surpresa se o nome que substituirá Palocci sairá do bolso do pijama de Lula que, provavelmente, já deve ter alguém em mente.
A preocupação da presidente aumenta na mesma medida que crescem os rolos do ministro com o seu enriquecimento repentino. Agora, surgem dúvidas gravíssimas sobre a origem do apartamento que Palocci aluga de uma empresa de fachada, cujos sócios não passam de laranjas a serviço de alguém que quer esconder o patrimônio.
O apartamento de 640 metros quadrados, em Moema, bairro nobre da capital paulista, onde mora a família do ministro, o valor do aluguel não sai por menos de 15 mil reais. Coloquem aí mais condomínio e IPTU, despesas que cabem sempre ao locatário. Por baixo, o montante entre aluguel e demais despesas resultantes da locação representam mais de 90% do salário de Palocci.
A cúpula partidária admite, reservadamente, que Palocci pode ter se utilizado de sobra de campanha para aumentar o seu patrimônio pessoal. Alguns advertem que a situação é bem mais grave do que o mensalão, pois naquela oportunidade o dinheiro serviu para acalmar a base alugada. É claro que, não foram poucos os que se aproveitaram da ocasião para inflar suas contas bancárias.
Ouvi de um petista bem situado e que não pediu segredo do que dizia, que, quando prefeito de Ribeirão Preto, Palocci criou sérios problemas a outros prefeitos petistas, que tentavam fazer uma administração pautada pela ética com a coisa pública. E ficava difícil para esses prefeitos convencerem os espertalhões que negociavam com a prefeitura de Ribeirão Preto que, nas suas administrações, as coisas funcionavam de outra forma.
O partido do ministro entende que, quanto mais tempo Palocci permanecer no governo, mais acusações irão surgir nos jornais e nas revistas semanais. E que, mais cedo ou mais tarde, essas acusações atingirão diretamente o governo de Dilma Rousseff.
(*)Nilson Borges Filho é doutor em direito, professor e articulista colaborador deste blog.
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