Gasolina. O que seria de nós se não houvesse uma certa quantidade deste composto de hidrocarbonetos circulando por aí? Pois há alguns detalhes que precisamos saber sobre este polêmico combustível para escaparmos de algumas ciladas, principalmente agora que a gasolina está na “moda”, digamos assim.
Este combustível, que no princípio da industria de refinamento de petróleo – interessada principalmente no querosene – era um dejeto, com a criação dos motores de combustão logo se tornou a melhor opção para mover pistões por conta de sua alta energia de combustão, alta volatilidade e compressibilidade.
A compressibilidade, mais conhecida como octanagem, é um índice que determina a resistência à detonação, a ignição espontânea dos combustíveis. Esse índice é obtido através dos métodos usados em dois testes: o MON e o RON. Ambos são realizados em um motor padrão da Dresser-Waukesha, o primeiro em regime severo (900 rpm) e o segundo em regime brando(600 rpm). A média dos dois resultados determina o IAD – Índice Anti Detonante, a octanagem.
No fundo toda a gasolina vendida no Brasil é igual. A Petrobras fornece às distribuidoras a Gasolina A comum e a A premium. Elas são a base da composição dos diversos tipos do combustível encontrado nos postos de combustível. Cabe às distribuidoras adicionar o etanol anidro (sem água) em quantidade determinada pelo gorverno e, se for o caso, seus aditivos. A partir desse ponto, ela se torna a gasolina do tipo C.
Vale ressaltar que a adição de etanol à gasolina não se dá apenas para reduzir o preço, mas também para substituir a adição de derivados de chumbo (tóxico e prejudicial à sonda lambda) para controlar ou aumentar a octanagem. Hoje, as centrais dos carros vendidos no Brasil já estão adaptadas a essa peculiaridade de nossa gasolina, sendo que apenas o Siena Tetrafuel é capaz de funcionar com gasolina pura, vendida em países vizinhos. A central de um carro “brasileiro” quando abastecido com gasolina pura tende a corrigir a relação ar-combustível, piorando o consumo e aumentando as emissõe, mas é fato que o carro funciona de forma mais suave.
Tipos de gasolina
Comum (Gasolina do tipo C comum):
- É a gasolina mais simples (IAD = 87octanas);
- Não recebe nenhum tipo de aditivo;
- Recebe adição de álcool anidro (sem água), conforme legislação vigente;
- Possui teor de enxofre = 1000 ppm;
- Não recebe corante, possuindo assim, a coloração natural das gasolinas (incolor a amarelada);
- Pode ser utilizado em qualquer veículo movido a gasolina, mas o correto seria utiliza-lá apenas em motores carburados, por sua queima deixar resíduos, sujeiras que são uma espécie de goma, que se acumulam, diminuindo a eficiência do carro. Junto com o etanol, tem efeitos colaterais que se manifestam a longo prazo.
Aditivada (Gasolina do tipo C aditivada):
- Possui a mesma octanagem da gasolina comum (IAD = 87), diferenciando-se desta em razão da presença de detergentes/dispersantes que mantêm limpo o sistema de combustão, os bicos injetores e as válvulas do motor (até 0,5%);
- Recebe adição de álcool anidro, conforme legislação vigente;
- Possui teor de enxofre = 1000 ppm;
- Recebe um corante, de acordo com a distribuidora, para se diferenciar;
- Pode ser utilizada em qualquer veículo movido à gasolina, mas é direcionada aos equipados com injeção eletrônica.
OBS: Os aditivos da gasolina, na prática não melhoram o desempenho do motor. No entanto, por corrigirem determinadas deficiências da gasolina, com o tempo garantem a eficiência do funcionamento, evitando um desgaste maior. Não aumenta a potência, mas termina evitando a perda dela.
OBS 2: Se seu carro sempre foi abastecido com gasolina comum e você quer passar a usar a aditivada, faça isso gradativamente (de 10 em 10%). Por suas propriedades detergentes, a aditivada sozinha irá retirar a goma e os rezíduos do sistema acumulados em grande quantidade, de uma vez. Isso certamente irá entupir os bicos injetores. Uma outra alternativa é efetuar uma limpeza no sistema de combustão (tanque, tubulações e bicos injetores) antes de se optar pela gasolina aditivada.
Gasolina Premium/Podium (Gasolina do tipo C premium):
- Contém detergentes/dispersantes que mantêm limpo o sistema de combustão, os bicos injetores e as válvulas do motor;
- É a gasolina superior, com no mínimo 91 octanas (95 apenas para a Podium da Petrobras);
- Recebe corante característico;
- Recebe adição de álcool anidro, conforme legislação vigente;
- No caso da Podium, é menos poluente, apresentando teor de enxofre de 30 ppm (a Premium mantém os 1000 ppm);
- Pode ser utilizada em qualquer veículo movido a gasolina, mas só vai valer o maior investimento em carros com injeção eletrônica e taxa de compressão a partir de 10:1, e/ou que requeiram combustível com alta octanagem. Nestes sim você percebe um comportamento diferente do motor e até um consumo melhor.
A partir do dia 1° de janeiro de 2014, além de todos os carros passarem a saír de fábrica com freios ABS e duplo airbag, a gasolina comum deixa de ser vendida no país e a aditivada e premium deverão ter no máximo 50 ppm de enxofre. São medidas para melhorar o ar que respiramos.
No próximo post explicarei como descobrir se um post é de confiança, como testar a gasolina e, de quebra, como obter gasolina sem etanol.
Fotos: Pennlive, Sport Car Buzz
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