Depois de esgotadas as desculpas e táticas evasivas de sempre (é mentira, "vamos apurar" etc.), a candidata petista adotou discurso aparentemente republicano, mas ao mesmo tempo contraditório (pelos fatos): prometeu "fortalecer as instituições", alegando que "pessoas" são passíveis de cometer erros (na verdade: crimes).
É falácia eleitoreira. Isso porque os crimes perpetrados, apesar de (obviamente) terem sua raiz em pessoas, geralmente grupos partidários, o que se viu e se vê são EXATAMENTE instituições cada vez mais enfraquecidas. Todos os escândalos recentes apontam para isso, e isso são fatos concretos. A idéia de enaltecer o papel institucional é tentar sumir com a "pessoalidade" da coisa, levando a reboque as óbvias e inescapáveis filiações e intenções partidárias - mas não se pode, nessa tacada estratégica, negar a quase falência dos órgãos da República envolvidos nos malfeitos generalizados.
A ver.
Em 2005, a reputação dos Correios quase foi para o vinagre, depois dos flagrantes de propinas, e falamos aqui de uma empresa pública altamente respeitável, de nível excelente. Depois, veio o Mensalão, levando a reboque mais duas instituições: Executivo e Legislativo, envolvidos em um processo de compra de parlamentares, derrubando Ministro, levando deputados à renúncia e/ou cassação.
A Casa Civil, depois da queda de José Dirceu, voltou ao noticiário investigativo quando vazaram um dossiê elaborado lá dentro, feito na época da CPI dos cartões corporativos. O ministério estrategicamente mais importante da explanada, já chefiado por Dilma, seria então usado para esse tipo de expediente.
E as acusações que surgem agora, envolvendo familiares de Erenice Guerra, retroagem a quando a até anteontem Ministra era Secretária Especial da pasta e Dilma era Ministra-Chefe. Eis o que houve com tal instituição! E a ex-Ministra, agora candidata, foi também acusada de interferir em investigação do Fisco em caso envolvendo um filho de Sarney (pela ex-Secretária da Receita Federal, Lina Vieira, que teria sido afastada por conta disso). Em seu lugar, assumiu Cartaxo, aquele que MENTIU sobre os sigilos recentemente quebrados - o órgão tinha uma informação, mas afirmou publicamente outra.
As agências reguladoras também não viram dias agradáveis nesses últimos anos, valendo citar a ANAC, acusada primeiro pela ex-Diretora Denise Abreu de ser usada politicamente para favorecer o primeiro compadre de Lula - nas denúncias recentes, a agência novamente aparece, agora como uma espécie de "celeiro" do grupo que faria lobby na Casa Civil.
Voltando à Secretaria da Receita Federal, impossível ignorar a quebra dos sigilos fiscais de adversários do PT e, mais ainda, a resposta do atual Ministro da Fazenda. Para tentar "amenizar" o caso, quando da revelação das quebras, ele disse que foi algo "muito maior". Uma verdadeira DEFESA da instituição que lhe é subordinada.
Isso lembra outro caso, o do caseiro Francenildo, cujo sigilo bancário foi quebrado pela Caixa Econômica Federal, banco público, escândalo que na época envolveu Pallocci, mas do qual foi poupado pelo STF e, agora, ocupa a coordenação da campanha de Dilma (mas o sigilo foi de fato quebrado por integrantes do governo federal, não se sabe quem...).
Temos então, por baixo, Correios, Casa Civil, Executivo/Legislativo, Ministério da Fazenda, Secretaria da Receita Federal, Agências Reguladoras, entre outras Instituições da República devidamente desmoralizadas cada qual com um escândalo documentado para chamar de seu. Não são apenas pessoas, são órgãos públicos e empresas indo a reboque dos crimes cometidos.
É assim que Dilma vai "fortalecer" as instituições?
Ou isso seria a resposta do momento, improvisada, depois que falharam todas as demais negativas diante das comprovações factuais e documentais do último escândalo? E, de mais a mais, o histórico não favorece a declaração da candidata petista. Fora que deixei de lado muita coisa, fui bem bonzinho.
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