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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Chapas-brancas contra a liberdade de imprensa


Só mesmo no Brasil há jornalistas contra a liberdade de imprensa, fundamental para o exercício da profissão. Liberticidas estão aboletados no palácio ou vivem à sombra do governo, inclusive dentro de algumas redações de jornais. É gente que preza mais a ideologia que a informação. Nunca houve tanto chapa-branca quanto na Era Lula, que trouxe também a servidão voluntária.

A história da obstinação de setores do atual governo pela concretização de um novo marco regulatório das comunicações eletrônicas que permita algum tipo de "controle social" de conteúdos viveu mais um capítulo esta semana. O jornal Folha de S.Paulo teve acesso ao anteprojeto do governo de uma tal Lei Geral da Comunicação Social, destinada a regular o funcionamento do setor por meio da criação de um novo órgão, a Agência Nacional de Comunicação (ANC), que substituiria a Agência Nacional do Cinema. Caberia a essa nova agência, entre outras atribuições, regular o conteúdo veiculado pelas emissoras de rádio e televisão. A notícia provocou reação negativa tanto na área política quanto na empresarial. Com a mesma presteza, o principal responsável pela elaboração do projeto, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins, tentou minimizar a importância da notícia, alegando que existem várias versões de anteprojeto sobre o assunto. E a presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Tereza Cruvinel, subordinada ao ministro, tentou desconversar: "Ouvi dizer que a versão publicada não é a definitiva." Mas não resistiu à oportunidade de reiterar o que pensa sua turma: "Como jornalista, acho que precisamos de alguma regulação. A liberdade de imprensa é sagrada, porém outros direitos precisam ser preservados." Há sempre um "porém".

O anteprojeto, elaborado por um grupo de trabalho criado há seis meses e coordenado pelo ministro Martins, prevê, por exemplo, que a agência a ser criada terá poderes para multar empresas que, a seu critério, veiculem programação ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário. Não tem nada a ver com censura, garantem fontes do governo, pois a punição resultará sempre de um julgamento a posteriori. Que bom!
Já o líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida, não é tão otimista: "Esse julgamento implicará sempre uma manifestação ideológica em relação ao tema. Isso é uma coisa sempre muito perigosa, pode acabar descambando para a censura pura e simples." Essa é também a opinião do senador José Agripino, líder do DEM: "Qualquer tentativa dessas tem que ser vista sempre com muito cuidado. A liberdade de imprensa é uma conquista da democracia. Esse governo tem o cacoete de flertar com o cerceamento da liberdade." (Continua).

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