Na Folha:
O analista ambiental do Ibama Antonio Paulo de Paiva Ganme disse à Folha que fiscais foram pressionados a tentar dificultar a inauguração de trecho do Rodoanel. Ele foi destituído em julho da chefia da Divisão de Proteção Ambiental após fiscalização no porto de Santos.
Folha - Houve orientação do Ibama para multar os responsáveis pelo Rodoanel? Antonio Paulo de Paiva Ganme - Na antevéspera da inauguração do trecho sul do Rodoanel, o superintendente substituto veio falar que havia uma denúncia e que a gente tinha que ir imediatamente fazer a autuação.
Houve pressão?A pressão para que a coisa fosse feita rapidamente foi mantida. Houve até assédio moral contra meu substituto.
Que tipo de assédio?Do tipo “tem que ir, tem que ir logo, vamos, vamos”. Uma pressão para que o pessoal saísse correndo.
Qual o objetivo?
Provavelmente era “melar” a inauguração. [...] Foi feita a vistoria, foram constatadas as irregularidades, eu determinei, como é óbvio, que se autuasse tanto a Dersa, que é a responsável pelo licenciamento, quanto as empreiteiras envolvidas.
Sei que tinha a Mendes Júnior, essas grandes empreiteiras. Quando o superintendente [substituto] ficou sabendo disso, ele falou à equipe: “Não, não há necessidade de se autuar as empreiteiras”. O pessoal falou: “Não, lógico que há, foi quem efetivou o crime ambiental”. Veio uma contra-ordem: “Não, deixa pra lá”.
Vocês suspeitaram de uso político do Ibama?
É, pela maneira como veio essa pressão, como se fosse uma emergência ambiental. Emergência seria durante a construção. Depois de pronto, não é mais.
A maneira como houve esse assédio moral, para que fossem correndo e a maneira como depois, “ah, não é mais para autuar as empreiteiras”, ficou claríssimo que mais uma vez estava uso político.
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