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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A questão é saber se extrair um feto é ou não como extrair um dente, a exemplo do que disse Dilma. Ou: PT quer obrigar Igreja a abjurar sua crença


Petistas da Paraíba fizeram um abaixo-assinado, que pretende falar em nome do povo, pedindo a cabeça de dom Algo Pagotto, arcebispo, que se pronunciou publicamente contra a defesa que faz o PT da legalização do aborto.

Para ele, trata-se de introduzir no Brasil a “cultura da morte”. O arcebispo da Igreja Católica, que a tanto chegou segundo uma hierarquia que não foi inventada por ele, tem todo  o direito de se manifestar. Ou alguém contestou o autoproclamado bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal e defensor fanático do aborto, quando deu apoio explícito à candidatura de Dilma Rousseff? Note-se que dom Aldo não apoiou ninguém. Apenas lembrou um princípio de sua Igreja.

O governo pressiona a CNBB para que a Regional Sul I reveja os termos de uma recomendação dada aos fiéis: que não votem em candidatos que defendam o aborto. O PT leu como indução da Igreja o que era, de fato, dedução partidária: “Dado o que pensa Dilma sobre o aborto, pode ser uma recomendaçao de voto contra ela”.

Curioso… O PT tenta forçar a Igreja Católica — na verdade, todas as igrejas, também as protestantes tradicionais e evangélicas — a abjurar sua crença e a adotar a  do partido. O aborto tomado como questão simplesmente afeita ao direito das mulheres coisifica o feto.

Não por acaso, no dia 14 de maio, em Brasília, na chamada “Missa dos Excluídos”, que encerrou o 16º Congresso Eucarístico Nacional, indagada sobre o aborto, afirmou a Dilma:

“Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito. Não acredito que mulher alguma queira abortar. Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si”.

E o que ela “acha que tem de ser feito”? Ora, ela acha que a prática tem de ser legalizada. Que ela tenha comparado um feto a um dente “excluído” na Missa dos Excluídos não deixa de ser uma ironia macabra.
Michel Temer (ver abaixo) declara, agora, o fim da polêmica. Não! Essa luta vai continuar porque o governo Lula, que está aí, elegeu-se e reelegeu-se sem debater o assunto. Não obstante, passou oito anos fazendo proselitismo pró-aborto e mobilizando a máquina oficial, como evidenciam o Ministério da Saúde e a Secretaria da Mulher, em favor da legalização. A Fiocruz chegou a financiar um filme a respeito.

A questão é saber se um feto é ou não como um dente. E esse debate não vai acabar agora, não, senhor Temer, vença quem vencer.

PS - É claro que os petistas não gostam das coisas que escrevo nesse caso — aliás, acho que em caso nenhum, embora sejam loucos por mim! O chato para eles é não poderem mandar uma carta ou e-mail ao blog afirmando: “Pare de mentir! Não dissemos nada disso! Você está inventando! Isso é uma calúnia, uma injúria, uma difamação!” Não! Não podem dizer nada disso porque não minto, não invento, não calunio, não injurio, não difamo. Analiso suas opiniões e, com freqüência, discordo e exponho o meu ponto de vista. E, evidentemente, confronto o que dizem agora com o que diziam anteontem, impedindo que a política vire um “presente eterno”, sem passado, em que vale dizer qualquer coisa para pegar o voto dos incautos. Política sem história é coisa de vigaristas.

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