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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dilma e o aborto: traição dos ideais revolucionários?

ESCRITO POR SALVADOR RABICUNDO   
Dilma Rousseff
Por todos os lados, os progressistas têm acusado Dilma Rousseff de trair os ideais revolucionários ao defender o direito à vida. Ao afirmarem a traição, os emotivos detratores da atitude perpetrada pela futura presidenta desconsideram que o que está em jogo é a eterna – e salutar - manutenção do Partido no poder.

Na busca legítima pelos votos dos que ainda não mergulharam nas águas revoltas calmas do socialismo do século XXI, nada mais natural que a coordenação da campanha, reunida no conforto do Palácio do Planalto, atue no sentido de flexibilizar certos “princípios”, mesmo que caros à revolução. Explico.

Dilma Rousseff não trai a causa revolucionária ao declarar-se contra o aborto e tudo o quanto se expressa nas diretrizes do Partido e do Programa Nacional-Socialista de Direitos Humanos – PNDH3. O que ela de fato trai é sua própria convicção. Mas isso pouco importa quando o assunto é a construção do “projeto político”. (expressão atribuída ao camarada Zeca Diabo). Com convicção de Dilma ou não, a tática do Partido permanece incólume. Os votos é o que vale. Eles é que hoje mantêm acesa a chama do Reich PT de mil anos.

William James pugnava que as crenças não são reflexos da realidade, mas regra de ação. Esse primor do intelectualismo pragmatista, no qual a intelejumência intelligentsia progressista (de Marilena Chauí a Hebe Camargo) está inconscientemente imersa, é o leitmotiv para a defesa que aqui apresento sobre a flexibilidade de princípios da futura presidenta Dilma Rousseff.

Sendo as crenças “regra de ação”, a exigência circunstancial para a virada definitiva da eleição em favor dos progressistas forçou a reformulação da crença para uma linha de ação que contraria as diretrizes do Partido e do PNDH-3. Nada mais revolucionário quando se está em jogo a manutenção do poder. A criação de realidades paralelas, tributária do pragmatismo, sempre foi o forte dos regimes progressistas e, principalmente, da futura presidenta, também conhecida pelos codinomes Estela, Luísa e Vanda. Ao contrário do que afirmam os descontentes, a companheira e a coordenação da campanha demonstram refinamento revolucionário ao brindar-nos com a excelente tática da flexibilidade de princípios, calcada no pragmatismo científico, pseudofilosofia ironicamente desenvolvida em território imperial (EUA).

Esclareço que a promessa-tática da negação ao aborto usada na campanha ficará adstrita à campanha como mero flatus vocis. Uma vez no poder e no fim das contas, a camarilha camaradagem negará tudo aquilo que negou e afirmará o que não afirmou na eficiente estratégia de não municiar os inimigos que insistem em não referendar “o projeto político”. Mesmo que, por um infortúnio, a descriminalização do aborto não seja aprovada nos próximos oito anos de governo, o PT poderá, ainda, sustentar, legitima e indefinidamente, a negação de sua verdadeira pretensão, visando à coleta dos votos dos fiéis para a eleição do próximo mandatário do Partido. (caso não sejam alteradas as atuais regras da reeleição).

Ainda de acordo com a abordagem “científica” de James, as idéias nada mais são que estratégias mentais de sobrevivência. Sua famosa frase resume a perfeita tática da campanha: “a verdade é o ‘dinheiro disponível’ de uma idéia. Se podemos sacá-la, então a idéia é verdadeira”. Ou, tantas vezes repetida, com o tempo torna-se verdadeira, como bem ensinou o mentor dos marqueteiros políticos, o progressista e engenheiro social Paul Joseph Goebbels.

Dilma e o PT sacaram a idéia da negação ao direito ao aborto, assim como costumavam fazer ao sacar suas AK-47 em prol da verdade revolucionária: como instrumento de luta. Embora os meios de promover a luta sejam outros (arrebanhar votos), os fins permanecem irretocáveis (instaurar o PT de mil anos).

Um conselho aos progressistas

No lugar de princípios e valores, os progressistas devem se preocupar com projetos destinados a criar o eldorado socialista: o paraíso do comunismo primitivo, cujo elo se perdeu desde a instituição da propriedade privada. À mente revolucionária não cabe se ocupar com nada que não esteja estritamente relacionado à tomada e à manutenção do poder. Imperativos éticos são valores pequeno-burgueses que habitam tão-somente a vacuidade das mentes dos reacionários de direita.

Demonstração maior de destreza político-revolucionária vem sendo registrada no périplo religioso da futura presidenta em campanha. Dilma participou do culto da salvação, fez peregrinação em Aparecida do Norte, cantou pra calunga, saravou a banda e bateu cabeça no congá. Declarou-se católica apostólica romano-ortodoxa, evangélica de todos os matizes e adepta das variantes afro-indo-religiosas. Tal atitude revela quão sincrética é sua predisposição revolucionária na busca pelo voto e pela inevitável e posterior introdução do “projeto político” no povo brasileiro. Frente a essa inequívoca flexibilidade de princípios, Dilma faz de Marco Aurélio “top top” uma noviça rebelde.
 
Se hoje Dilma renega o direito ao aborto, tema tão caro à causa revolucionária, amanhã defenderá o contrário, ao sabor das circunstâncias políticas que remeta à concretização dos desígnios do Partido, a exemplo da ação política de todo bom progressista fiel à causa revolucionária.
Salvador Rabicundo - vermelho até a medula

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